A OSX, fornecedora de equipamentos e serviços para a indústria de petróleo no mar, recebe hoje as propostas dos interessados em construir um navio-plataforma com capacidade de processar 100 mil barris de óleo por dia, a partir de 2012, na Bacia de Campos. A OSX convidou quatro empresas com atuação no Brasil a apresentarem duas propostas: uma com e outra sem conteúdo nacional. O objetivo da empresa, que abriu o capital este ano e é controlada pelo grupo EBX, é assinar o contrato de construção da unidade, chamada de OSX-2, até o fim do ano.
No total, a OSX trabalha com a perspectiva de desenvolver 48 projetos de diferentes tipos de plataformas até 2019 para atender a demanda da OGX, concessionária de 29 blocos no Brasil (22 no mar e 7 em terra) e que também é controlada pelo EBX. O investimento previsto na construção das 48 plataformas é de US$ 30 bilhões. Luiz Eduardo Carneiro, presidente da OSX, disse que a empresa também buscará obter no mercado encomendas de navios e de plataformas de perfuração de poços de petróleo. A empresa fechou acordo para construir dois navios de perfuração para a Etesco, envolvida em licitação da Petrobras para construção e aluguel de sondas.
"Vamos tentar capturar o que aparecer no mercado, além da OGX", disse Carneiro. Em relação à demanda esperada da OGX, o plano da OSX é construir 44 das 48 unidades em um estaleiro a ser erguido pela empresa no Rio de Janeiro ou em Santa Catarina (ver reportagem nesta página). As outras quatro unidades, compradas ou encomendadas pela OSX, serão feitas em instalações de terceiros. Roberto Monteiro, diretor financeiro da OSX, disse que atualmente a empresa tem uma carteira com quatro pedidos firmes de equipamentos da OGX. Além do OSX-2, em fase de licitação, a empresa comprou um navio-plataforma, o OSX-1, que está sendo adaptado em Cingapura para entrar em operação, no prospecto de Waimea, na Bacia de Campos, em agosto de 2011.
Nessa mesma área irá operar o OSX-2. Na carteira existem também duas plataformas fixas em fase de projeto conceitual. O OSX-1, com capacidade de produzir até 100 mil barris por dia, deve chegar ao Brasil em julho de 2011. Eduardo Musa, diretor de engenharia da OSX, disse que a OGX, responsável pela concessão onde a plataforma vai operar, poderia buscar entendimentos com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para "atenuar" os requisitos de conteúdo nacional dessa primeira unidade, que vai chegar ao país sem conteúdo local. Em compensação, se aumentaria o conteúdo local em outras unidades destinadas a operar na mesma concessão, caso da OSX-2.
A OXG informou que não tem discussão sobre o tema em andamento com a ANP. Segundo a empresa, o compromisso com o conteúdo nacional é de longo prazo. Nesse contexto, esse requisito será cumprido considerando-se que pretende construir no Brasil a maior parte dos equipamentos necessários para o desenvolvimento da produção. A agência reguladora informou não ter recebido nenhum pedido da OGX em relação ao conteúdo nacional do OSX-1.
Luiz Eduardo Carneiro, o presidente da OSX, disse que a empresa está montando um cadastro de fornecedores nacionais. Carneiro entende que o pacote de plataformas a ser encomendado pela OGX vai contribuir para desenvolver a indústria de fornecedores nacionais. A empresa projeta um conteúdo local médio de 70% para as 48 unidades da OGX.
"Vamos buscar uma parceria de longo prazo com fornecedores e dar condições para que eles façam investimentos em suas instalações e em treinamento, de acordo com a demanda", disse Carneiro. Ele afirmou que a ideia é padronizar 70% dos equipamentos utilizados nos navios-plataforma que produzem, armazenam e escoam a produção de petróleo e gás. "Empresas sem fábricas no país têm nos procurado interessados em se instalar no Brasil", disse Carneiro.
Ele previu que a demanda do mercado por equipamentos offshore está levando fabricantes de guindastes, de sondas e de equipamentos de segurança, entre outros itens, a avaliarem a possibilidade de investir no Brasil. Carneiro disse que a empresa tem insistido com os fornecedores sobre a importância de manter os preços competitivos. Para atingir esse fim, avaliou o executivo, é preciso ter um mercado de longo prazo no qual as empresas tenham segurança de investir. "Se a empresa investe para fornecer para um lote e não tem segurança de que vai continuar a produzir, ela vai descarregar todo o custo em cima do lote licitado", analisou Carneiro.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio
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