Na Câmara, o diretor afastado do Dnit disse que questões ambientais atrasam rodovias e critica falta de estrutura
São Paulo. O diretor afastado do Dnit, Luiz Antonio Pagot, afirmou ontem, em depoimento de oito horas de duração, na Câmara, ter "convicção absoluta" de que a presidente Dilma Rousseff (PT) "sabia de tudo" o que se passava no Ministério dos Transportes.
Depois da sessão, jornalistas perguntaram se Dilma também tinha conhecimento de irregularidades em obras. "É claro", respondeu. Na terça-feira, em depoimento no Senado, Pagot evitou criar desconfortos à presidente e ao governo.
Ontem, afirmou que até 2009, como chefe da Casa Civil, Dilma coordenou as reuniões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1) sobre obras em rodovias federais, muitas delas sob suspeita de superfaturamento.
"Até outubro de 2009, tenho convicção absoluta que ela sabia de tudo o que estava acontecendo nesse período que ela era responsável".
Pagot afirmou que a primeira reunião sobre as rodovias do PAC 2 foi em 24 de junho, quando Dilma "tomou um susto" ao verificar aumento de preços nas obras. A presidente teria dado prazo para a reavaliação dos contratos, mas decidiu demitir a cúpula dos Transportes antes da data marcada (15 de julho). No dia 2 de julho, entretanto, Dilma afastou Pagot e outros três dirigentes dos Transportes.
Ele voltou a negar ter recebido propina de empreiteiros e repetiu estar de férias, e não afastado. Ele disse haver problemas de infraestrutura e de falta de funcionários no Dnit.
Ministros
Em depoimento terça-feira no Senado, Pagot deixou de lado ameaças feitas nos bastidores e evitou envolver outros ministros no escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes.
O diretor isentou o ministro Paulo Bernardo (Comunicações), que comandava o Planejamento no governo Lula, de responsabilidade no aumento dos aditivos do Dnit. Paulo Bernardo disse ontem que, desde o início, achava que as declarações atribuídas a Pagot a seu respeito não eram verdadeiras. "Desde o início, achava que isso era conversa fiada", disse. Pagot tratou o caso como "invencionice" e "factoide" e defendeu o ministro.
TRANSPORTES
PR apoia Passos e ainda não indica nomes
O novo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, recebeu ontem o apoio de seu partido, o PR. Em visita ao ministério, o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), disse que a sigla havia aprovado a indicação de Passos. Após a audiência, o parlamentar esteve no Palácio do Planalto com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
"Fomos, em nome do partido e em caráter oficial (falar com Passos). Manifestamos nosso apoio a ele e dissemos que o partido está à disposição", disse Portela. O deputado Luciano Castro (PR-RR) também participou dos dois encontros.
Segundo Portela, o PR não vai pressionar, neste momento, por cargos no Ministério dos Transportes. O parlamentar negou rumores de que integrantes do PR não iriam ao coquetel oferecido pela presidente Dilma Rousseff (PT) ontem.
Representação
O PSOL e o PPS protocolaram, ontem, no Conselho de Ética da Câmara, representação por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP). Eles querem a abertura de processo por denúncias de irregularidades no Ministério dos Transportes. Costa Neto seria um dos beneficiados pelo suposto esquema, chamado de "mensalão do PR".
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
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