A Vale deixou de embarcar 750 mil toneladas de minério de ferro - o equivalente a US$ 116 milhões - com os problemas enfrentados pelo navio da coreana STX Pan Ocean no Terminal de Ponta da Madeira, controlado pela mineradora, em São Luís (MA), nos últimos dias. Ontem a Vale e a Capitania dos Portos do Maranhão confirmaram que o píer um do terminal, onde a embarcação havia atracado, foi liberado. Outro navio era esperado para carregar minério nesse berço ontem à tarde.
O Vale Beijing, nome de batismo do cargueiro, foi transferido com a ajuda de rebocadores para uma área da Baía de São Marcos, situada a dez quilômetros do terminal da mineradora. O navio apresentou problemas no domingo quando carregava minério de ferro.
O capitão Nelson Ricardo Calmon Bahia, da Capitania dos Portos do Maranhão, disse que sensores do navio identificaram problemas nos tanques de lastro da embarcação, situados na popa, à direita e à esquerda, enquanto se fazia o carregamento de minério. A popa ficou mais funda do que o normal e houve risco de o navio encalhar no terminal. A água começou a entrar nos tanques de lastro, o que indicou possíveis rachaduras. O incidente ocorreu quando o navio já estava carregado com 260 mil toneladas de minério de ferro. A embarcação tem capacidade para 400 mil toneladas.
O navio seguiria para o porto de Rotterdã, na Holanda. O Vale Beijing faz parte de um pacote de 16 embarcações que a Vale contratou na Ásia, com armadores locais.
Marcelo Aguiar, analista do banco de investimentos Goldman Sachs, calculou que a Vale deixou de embarcar volume de minério de 750 mil toneladas, correspondente a 1% do volume total de vendas da empresa estimado pelo banco em 82 milhões de toneladas para este trimestre. "O que a Vale deixou de embarcar nesse período em que o píer um ficou inoperante não é tão relevante." Para Aguiar, o mais importante era a liberação rápida do píer e evitar uma catástrofe com o derramamento de minério no mar, o que levaria à interdição do terminal, que conta com três píeres em operação.
A projeção de Aguiar em relação ao minério que deixou de ser embarcado foi confirmada ontem pela Vale, em nota. A empresa disse que as operações do píer um estavam sendo normalizadas.
Leonardo Correa, do Barclays Capital, concordou que os impactos com o incidente para a mineradora foram limitados. Em relatório, ele disse que no pior cenário, assumindo que os três píeres de Ponta da Madeira fossem paralisados por um mês, o terminal deixaria de embarcar 8 milhões de toneladas de minério de ferro, correspondente a cerca de 3% do volume anual de exportações da Vale.
Fonte: Valor Econômico / Vera Saavedra Durão e Francisco Góes
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