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Petrobras ajuda BP de olho em riscos no Brasil

Desastre no Golfo: Empresa brasileira envia equipe de especialistas aos EUA
Responsável por 22% da exploração e produção em águas profundas do planeta, bem à frente de todas as outras companhias, a Petrobras vai ajudar a britânica BP nos trabalhos de contenção do vazamento de óleo no Golfo do México. A ajuda não surpreende considerando que as empresas têm em comum o fato de utilizarem serviços e equipamentos que são dos mesmos fornecedores. A estatal brasileira opera atualmente 51 sondas de perfuração no mar e tem mais 22 em construção.
Um exemplo é a Cameron, que fabricou o equipamento chamado "blowout preventer" (BOP) - grande bloco de aço e válvulas instaladas no fundo do mar que permite o controle dos fluidos do poço em situações de emergência - que deu defeito no poço da BP. No ano passado a Petrobras assinou um contrato com a Cameron para entrega 138 árvores de natal molhadas (um conjunto de válvulas que tem funções similares às do BOP, só que instaladas na fase de produção). O contrato, de US$ 500 milhões, prevê a entrega entre 2011 e 2014.
O diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrella, revelou que uma equipe da estatal já está nos EUA e outro grupo está a caminho da região para trabalhar na contenção do óleo. "O setor petrolífero mundial está dando apoio geral e irrestrito para a BP para o combate à situação. É uma questão de solidariedade e responsabilidade planetária."
A equipe enviada aos EUA tem cerca de 20 pessoas, entre funcionários da companhia e profissionais da Marinha, Força Aérea e Ministério do Meio Ambiente. Ontem a Agência Nacional do Petróleo (ANP) adotou medidas para reforçar a segurança das plataformas que operam nas águas brasileiras. Entre elas está um pedido de informação sobre os sistemas de controle de poços atualmente empregados na perfuração offshore.
Guilherme Estrella lembrou que o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, defende a criação de um sistema de monitoramento e atuação contra acidentes e vazamentos que agregue todas as companhias de petróleo do mundo. Como todas as grandes empresas que operam no setor, a Petrobras tem um grande interesse no tema. E o acidente no Golfo do México mostra que há sempre o que se aprender em termos de segurança.
A BP fazia uma operação comum na fase exploratória quando aconteceu o "blowout" (que é um vazamento descontrolado de petróleo ou gás que, uma vez alcançando a plataforma pode provocar uma faísca que gera uma explosão). Quando chega à superfície e entra em contato com a atmosfera o gás pode explodir, ou não.
"Se um poço for furado perfeitamente o equipamento de prevenção (BOP) nunca vai ser utilizado", resume um experiente executivo que trabalhou em situação semelhante na bacia de Campos.
A BP já tinha perfurado o poço, que estava em processo de cimentação e se preparava para deixar a área e enviar a sonda de perfuração Deepwater Horizon para outro local quando o acidente aconteceu. O que se viu em seguida foi uma série de falhas que aparentemente ainda não foram identificadas.
Experientes fontes da indústria ouvidas pelo Valor explicaram que na plataforma estão disponíveis equipamentos sensíveis que monitoram a perfuração e acionam alarmes quando há mau funcionamento. Aí pode ter acontecido algum erro de operação ou colapso nos equipamentos.
"A operação que eles estavam fazendo era comum e portanto poderia ter ocorrido a mesma coisa por aqui. As condições de segurança no Brasil não são melhores do que as dos Estados Unidos. São semelhantes. Mas custo a acreditar que, em acidentes, estejam envolvidos apenas o fator sorte ou o azar", afirma outro executivo com grande experiência.
Para ele, a análise dos grandes acidentes ocorridos no mundo, e não apenas na área de petróleo, mostra que eles nunca ocorreram por uma única falha, mas sim por vários problemas ao mesmo tempo. "E isso leva a procedimentos não seguidos, falhas de inspeção de material, comunicação e registro de dados incompletos, planejamento defeituoso, entre outros."

Fonte: Valor Econômico/ Cláudia Schüffner e Rafael Rosas, do Rio


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