SÃO PAULO - O Plano de Negócios da Petrobras para o período de 2010 a 2014, que prevê investimentos de US$ 224 bilhões, resultou em um problema para a estatal: o de encontrar fornecedores para todos os equipamentos que demandará para explorar e produzir petróleo no Brasil. Face a este complicador, a companhia fechou acordos com seis bancos de varejo para ajudar no financiamento de empresas que atendem direta e indiretamente a petrolífera. São eles: Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Caixa, HSBC e Itaú Unibanco, além do Banco Econômico de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
De acordo com o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, a Petrobras autorizou a apresentação de contratos como garantia de toda a cadeia de fornecedores que atendem a indústria do petróleo e gás e tenham um relacionamento comercial com a estatal, possibilitando a obtenção de financiamento e, dessa forma, aumentando a capacidade produtiva. "O nosso plano de investimentos exigirá que a cadeia de fornecedores da indústria do petróleo trabalhe no limite de sua capacidade", afirmou o executivo. "Necessitamos de um grande volume de plataformas, compressores, tubos, entre outros equipamentos, e queremos trazer essa produção para o Brasil. Para isso, precisamos forçar esse aumento da capacidade de produção no País", destacouGabrieli.
Um dos processos de contratação cujos fornecedores, diretos e indiretos, poderão ser beneficiados é o que colocará pedidos de 28 sondas fabricadas no Brasil e que já está em licitação: esses contratos deverão alcançar US$ 22,4 bilhões. Porém, a perspectiva de equipamentos é bem maior. Gabrielli disse que a estatal demandará, a cada 100 mil barris produzidos ao dia, pelo menos dois superpetroleiros e equipamentos para 15 a 20 poços para alcançar esse volume de produção.
"Para que possamos atender as nossas perspectivas, é necessário que tenhamos as garantias de entregas dessas encomendas, por isso precisamos ampliar a capacidade de produção nacional", complementou ele.
Os investimentos da Petrobras para este ano deverão ficar em R$ 85 bilhões após o cancelamento de dotações no valor de R$ 12,92 bilhões e seu remanejamento para investimentos da empresa. Os maiores destinos desses recursos adicionais ficarão com o desenvolvimento de sistemas de produção na Bacia de Campos, com R$ 3,3 bilhões. A modernização das refinarias exigirá outros R$ 3,3 bilhões.
Esse aumento também pode ser viabilizado sem que a Petrobras perca as condições confortáveis para aumentar seus aportes. A empresa apresentou uma queda acentuada de seu nível de alavancagem que, no segundo trimestre (antes da capitalização), estava em 34% e, portanto, próximo ao limite de 35% estabelecido pelo Conselho de Administração da companhia.
Gabrielli destacou que a capitalização deixou a empresa com a necessidade de captar cerca de US$ 35 bilhões no mercado interno e externo, caso o preço médio do barril do petróleo ficar na casa de US$ 80. Esse valor vem da soma entre os investimentos até 2014 e da dívida de US$ 38 bilhões que a companhia tem no período.Para isso, precisará de US$ 262 bilhões que deverão ser obtidos por meio de geração de caixa de US$ 155 bilhões, após o pagamento de dividendos, mais o caixa de US$ 10 bilhões que a empresa possui.
"Levantamos US$ 25 bilhões na capitalização, portanto, essa diferença de US$ 96 bilhões em aberto para nossas operações recua para US$ 70 bilhões. Ao negociarmos a dívida, chegamos à necessidade de levantarmos algo entre US$ 33 bilhões e US$ 35 bilhões", detalhou ele.
Gás
Além do início da operação comercial do campo de Tupi, no pré-sal, a Petrobras iniciará, em novembro, o segundo teste de longa duração na megarreserva de Guará. Em paralelo, segundo o gerente-geral da Unidade de Negócios de Exploração e Produção da Bacia de Santos, José Luiz Marcusso, a companhia trabalha para iniciar a produção de gás natural do campo de Mexilhão e de Tupi no primeiro trimestre de 2011. Com o início dessa unidade de produção, a empresa colocará no mercado mais 18 milhões de metros cúbicos do insumo.
Segundo Marcusso, toda a infraestrutura offshore (que é utilizada no mar) já está pronta, desde a plataforma, que está mecanicamente completa e em fase final de pintura até os gasodutos que ligarão os campos à estação de gás em Caraguatatuba.
De acordo com o executivo, faltam apenas cinco quilômetros de dutos e um quilômetro de perfuração de rocha para completar o túnel.
Fonte: DCI/MAURÍCIO GODOI
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