Medida faz parte de uma política de antecipações do pré-sal adotada no novo plano de investimentos da companhia
RIO - A Petrobrás decidiu antecipar a produção de reservas do pré-sal no campo de Baleia Azul, no Espírito Santo. A medida faz parte de uma política de antecipações do pré-sal adotada no novo plano de investimentos da companhia, anunciado ontem, dia 21. Segundo o documento, o projeto Baleia Azul entrará em produção em 2012, com capacidade de 100 mil barris por dia. Além de Baleia Azul, outros sete projetos do pré-sal entrarão em produção no período do plano estratégico: Cachalote, piloto de Tupi, os testes de longa duração de Tupi Nordeste, Guará e Tiro (estes em 2010) e os pilotos de Guará (2013) e Tupi Nordeste (2014).
A antecipação dos projetos levou a empresa a rever a curva de produção do pré-sal, que atingirá seu pico antes do projetado anteriormente. Por isso, a produção projetada para 2014 é maior do que no plano anterior, chegando a 241 mil barris por dia. Já a estimativa para 2020 foi reduzida, de 1,8 mil para 1,078 mil barris por dia, diante das perspectivas de depleção dos reservatórios. Em teleconferência com analistas, porém, a direção da empresa reforçou que essa estimativa contempla apenas as descobertas já feitas e que pode ser revista para cima a partir de novas descobertas no pré-sal.
A redução das projeções para o pré-sal em relação ao plano anterior foi uma das principais críticas de analistas durante a conferência, ao lado dos vultosos investimentos em refino. A empresa foi interpelada veementemente a respeito da necessidade de construir novas refinarias, ao mesmo tempo em que busca dinheiro no mercado via capitalização. Para um dos analistas presentes, seria mais racional suspender investimentos em downstream do que realizar a capitalização.
O presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, voltou a afirmar que o refino faz parte de uma política de longo prazo da companhia, que tem 85% de sua receita no mercado interno. "O mercado brasileiro está crescendo. Na verdade, já está curto em produtos derivados", afirmou Gabrielli, defendendo que os investimentos em refino são essenciais para que uma empresa petroleira se mantenha no longo prazo. "Uma empresa com investimentos só em produção entrará em colapso no futuro", reforçou. O mesmo analista brincou que, com o dinheiro gasto em downstream, a Petrobrás poderia comprar a BP, que vem perdendo valor de mercado após o vazamento. Gabrielli riu e respondeu que "nós não estamos planejando fazer isso".
Gabrielli, afirmou ainda que não espera "mudanças materiais" na legislação brasileira por conta do vazamento no Golfo do México. Segundo ele, a legislação brasileira já é mais restrita do que a norte-americana e, por isso, deve sofrer apenas pequenos ajustes. "Esperamos alguns incrementos nas regulações do setor petrolífero, mas já temos no Brasil um sistema muito restrito", afirmou o executivo, em teleconferência com analistas estrangeiros.
Gabrielli disse ainda que é muito cedo para saber os efeitos econômicos do vazamento, principalmente no que diz respeito à disponibilidade de sondas no mercado internacional. "Não temos ideia clara sobre qual será a disponibilidade de sondas, não sabemos como são os contratos entre as proprietárias de sondas e as operadoras, não consideramos as sondas no nosso plano", afirmou o executivo.
Fonte:Agência Estado/Nicola Pamplona
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