Mesmo diante da perda de participação no mercado de derivados nos últimos meses, a Petrobras tem sinalizado que não pretende mexer, por ora, nos preços dos combustíveis. As margens elevadas praticadas pela companhia atualmente são uma das principais contribuições para os lucros crescentes da petroleira na área de abastecimento, que no segundo trimestre sustentou, mais uma vez, os ganhos da estatal.
Segundo o diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras, Jorge Celestino, a empresa tem analisado de forma "bastante frequente" os números de mercado, mas a companhia se sente, hoje, "confortável" com a situação do mercado.
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Diante das margens altas nas vendas de derivados, a estatal tem perdido espaço para a importação de combustíveis por terceiros. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a participação da produção nacional de diesel no consumo total do combustível no Brasil caiu de 92,3% para 85,8% entre o primeiro e segundo trimestres, por exemplo.
"Nossas projeções não têm trazido preocupações. Estamos bastante confortáveis com o nível de operações, com a rentabilidade da operação integrada da Petrobras. Estamos conseguindo trazer rentabilidade e monetizando da melhor forma o petróleo nacional. Temos aumentado bastante a participação do petróleo nacional no nosso elenco de petróleo. No horizonte do nosso planejamento, isso [perda de mercado] não tem nos incomodado, estamos bastante confortáveis com essa operação", disse Celestino a investidores, na sexta-feira, ao ser questionado sobre até que ponto a perda de "market share" pode impactar na decisão da empresa de manter os atuais patamares de preços dos combustíveis.
No primeiro semestre, a Petrobras reportou uma queda de 7% nas vendas de derivados no Brasil, na comparação com igual período do ano passado. Celestino, no entanto, aposta numa melhora na demanda na segunda metade do ano. "Normalmente o segundo semestre é mais forte", disse o executivo. "A gente entende que existe uma tendência de melhora no mercado de combustíveis", disse.
Questionado sobre o impacto de um possível crescimento da demanda sobre a capacidade da companhia de atender o mercado, o executivo disse que as projeções da companhia não trazem preocupação nesse sentido.
"Esse mercado é bastante dinâmico. Já operamos com 2,5 milhões a 2,6 milhões de barris/dia [de demanda]. Temos ativos de refino e de logística no Brasil que já suportaram esse mercado", afirmou. "[nas projeções do novo plano de negócios da estatal] Não estamos entendendo que mudanças no mercado possam impactar a nossa atividade de refino e logística", afirmou.
No segundo trimestre, a Petrobras reportou um lucro líquido de R$ 370 milhões, tendo sido a divisão de abastecimento, novamente, a área de negócios mais lucrativa da empresa - com um lucro líquido de R$ 7,014 bilhões. Para efeitos de comparação, as atividades de exploração e produção, a segunda mais lucrativa, fechou o trimestre passado com ganhos de R$ 2,008 bilhões.
Fonte: Valor