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Petrobras eleva investimento a US$ 224 bilhões

Empresa espera produzir, por dia, 2,98 milhões de barris de petróleo em 2014
Fac-símiles do Diário do Nordeste: edições acompanharam as várias mudanças na atitude da Petrobras diante da refinaria cearense, apresentando datas para inauguração e depois as alterando
Rio de Janeiro A Petrobras anunciou ontem um aumento de cerca de 28% em seu plano de investimentos, que atingirá US$ 224 bilhões entre 2010 e 2014. Um dos pilares para a definição do valor da capitalização da companhia, o plano surpreendeu o mercado, que criticou a elevação dos gastos nos próximos anos. A ações da companhia fecharam em baixa ontem na Bovespa.
O plano de investimentos tem grande foco no desenvolvimento das reservas de petróleo, que receberão US$ 108,2 bilhões - dos quais US$ 33 bilhões no pré-sal. Mas apresentou grande crescimento nas previsões de gastos em refino, com a inclusão das novas refinarias do Ceará e Maranhão. A área terá um orçamento de US$ 73,6 bilhões.
Para analistas, trata-se de um gasto muito alto em projetos com retorno baixo. "O grande foco da Petrobras no refino é difícil de entender", resumiu o analista de petróleo do Credit Suisse, Emerson Leite, em relatório enviado a clientes. A empresa prevê ampliar a capacidade de refino dos atuais 1,818 milhão para 3,205 milhões de barris por dia em 2020.
As ações ordinárias da companhia caíram 0,23% ontem e as preferenciais, 0,31%.
A companhia projeta uma produção de petróleo na casa dos 3,9 milhões de barris em 2020. Em 2014, será de 2,98 milhões de barris por dia. "Nosso foco é chegar entre as cinco maiores produtoras de petróleo do mundo", disse o presidente José Sérgio Gabrielli. O pré-sal ainda terá participação pequena em 2014, de 241 mil barris por dia, subindo para 1,078 milhão no final da década.
A divulgação do plano era esperada pelo mercado, que queria pistas do tamanho da capitalização da companhia, prevista para ser realizada até o final de julho. A companhia informou apenas que vai precisar buscar no mercado US$ 58 bilhões nos próximos quatro anos, mas não detalhou quanto desse valor virá via capitalização ou via empréstimos. O mercado espera uma entrada de US$ 25 bilhões com a venda de novas ações aos minoritários.
A empresa não deu detalhes da valorização dos barris do pré-sal que serão usados na cessão onerosa, que não foi incluída no plano 2010-2014. "Contamos apenas com as concessões que já temos. Depois de assinada a cessão onerosa, poderemos incluir as reservas na nova revisão do plano", disse o diretor financeiro, Almir Barbassa.
Hoje, a Petrobras realiza assembleia de acionistas para aprovar o aumento de capital. Gabrielli não quis falar sobre cronograma, mas espera-se que a companhia apresente prospecto da operação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já com a avaliação do valor dos barris da cessão onerosa. A última palavra sobre os valores, porém, será da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
NOVELA DO CRONOGRAMA
Adiamento já era cogitado
O anúncio oficial de que a refinaria Premium II seria, de fato, instalada no Ceará foi apenas o primeiro capítulo para a novela que se tornaria o estabelecimento do cronograma do empreendimento. Logo depois, foi informado que a usina operaria em janeiro de 2014. Eclodida a crise econômico-financeira internacional, surgiu a preocupação de que o empreendimento fosse engavetado, mas a Petrobras, atendendo a uma determinação do presidente Lula, surpreendeu: ao invés de cancelada, ou adiada, a refinaria seria adiantada em seis meses.
A afirmação proferida em fevereiro de 2009 foi desmentida em setembro do mesmo ano, pelo próprio presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, que afirmou ao Diário do Nordeste: "refinaria leva de seis a oito anos pra ser feita. Refinaria não é uma máquina que você compra e bota pra funcionar, não é automóvel que você compra ou um prédio que você faz. É absolutamente normal, nos primeiros dois, três, quatro anos, numa refinaria, você reavaliar o ritmo, reavaliar os sistemas e discutir como é que você vai desenvolver". Dois meses depois, Gabrielli voltou a falar sobre o assunto, admitindo que o cronograma da usina poderia sofrer um "contingenciamento". Mesmo afirmando que o cronograma seria mantido, ele disse, contraditoriamente: "todo projeto tem um período que vocês ajustam o cronograma. Ele não é fixo e irremovível, e tem uma outra coisa: tem milhares de atividades que você tem que fazer simultaneamente. Otimiza, às vezes não consegue otimizar, então tem um atraso. Você tenta seguir o cronograma, mas faz parte da vida, em todas as áreas, esse contingenciamento".
Em março, contudo, o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, confirmou o adiamento, só não disse para quanto, informação que só foi divulgada hoje.

(Fonte: Diário do Nordeste/SS)


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