A Petrobras espera que 2018 seja “bastante melhor” do que 2017, afirmou a gerente executiva de Relacionamento com Investidores, Isabela Rocha. Em reunião com analistas e investidores, ela considerou que o último ano foi marcado por impactos extraordinários nos resultados, mas que a companhia eliminou as questões não recorrentes.
Isabela Rocha mencionou o impacto nos resultados gerado pelo acordo firmado com investidores nos Estados Unidos (Class action) e citou também a adesão da companhia ao programa de regularização tributária.
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A executiva destacou que essa expectativa de um resultado melhor, sem impactos extraordinários, motivou o Conselho de Administração a pedir estudos que – se aprovados – deverão levar a uma mudança na política de dividendos, para que possa haver pagamento trimestral.
Decisões da Petrobras sobre desinvestimento de ativos não sofrem interferência do governo brasileiro, declarou Isabela Rocha. A executiva foi questionada sobre se seria necessária uma nova regulamentação para que a empresa possa colocar em curso seus planos de parceria na área de refino. Rocha afirmou que essa não é uma necessidade.
Ela havia informado pouco antes que a empresa tem estudado modelos de negócios para parcerias em refino, entre elas a possibilidade de venda de participação ou de um conjunto de refinarias.
Segundo Rocha, o desafio é que investidores tenham confiança de que não haverá controle de preços por parte do governo. Ela avaliou que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) tem atuado em road shows buscando esclarecer dúvidas desses potenciais investidores.
A intenção da Petrobras com estudos encomendados pelo Conselho de Administração da companhia é a distribuição de dividendos possa ser baseada nos resultados trimestrais, segundo afirmou a gerente executiva de Relacionamento com Investidores da companhia.
De acordo com ela, a intenção dos estudos também não é alterar regras existentes relacionadas a preferência dos acionistas detentores de ações preferenciais.
Cessão onerosa
A negociação a respeito da cessão onerosa está “evoluindo bem” na visão da gerente executiva de Relacionamento com Investidores da Petrobras. Em reunião com analistas e investidores, ela afirmou que as conversas foram prorrogadas por mais 60 dias e que “certamente vai haver uma decisão nesse período”.
As negociações deveriam ser encerradas este mês, mas, sem um acordo, o governo decidiu prorrogar as conversas até maio deste ano. Rocha reiterou que a Petrobras “não concordará com decisão na qual a empresa não seja considerada credora”. “É uma negociação, temos que chegar a um acordo, mas está evoluindo bem”, afirmou.
Parceria
A gerente executiva de Relacionamento com Investidores da Petrobras afirmou que a companhia “está muito perto” de iniciar um processo de parceria para a área de refino. Em reunião com analistas e investidores, ela afirmou que a empresa já definiu um modelo, embora ele ainda não possa ser divulgado.
Foram estudados diferentes modelos, entre eles a possibilidade de venda de uma participação minoritária, de participação majoritária ou mesmo a venda de um conjunto de refinarias. “Estamos muito perto de iniciar essa oportunidade para o mercado”, afirmou.
Segundo ela, as discussões na companhia para definir um modelo de negócios levaram em consideração a preocupação de potenciais investidores com o risco de um novo controle de preços por parte do governo brasileiro. “O desafio é chegar a um modelo que permita ao mesmo tempo à Petrobras ter parceiros e dar confiança a esse novo player que estivesse entrando, que ele poderá ter liberdade e acesso ao mercado sem interferência do governo”, disse.
Brasil e Holanda
A Petrobras acredita ter “grande chance de sucesso” nas ações movidas contra ela por investidores no Brasil e na Holanda, segundo Isabela Rocha. Ela destacou que a perspectiva nesses casos é diferente do que ocorreu nos Estados Unidos, onde a companhia entrou em acordo para encerrar uma ação movida por investidores.
A gerente executiva afirmou que a companhia mantém sua posição de que foi vítima nos casos de corrupção envolvendo ex-diretores da empresa. Para ela, o acordo nos Estados Unidos não é um reconhecimento de responsabilidade da empresa e sim a busca para eliminar um risco de perda que era considerado mais alto do que nas ações em outros países.
“Fizemos um acordo para eliminar risco, mas não nos consideramos como culpados pelo que aconteceu”, declarou Isabela Rocha. “Entendemos que no mercado brasileiro e na Holanda, isso (acordo) não acontecerá, tem grande chance de sucesso nesses mercados”, concluiu.
Odebrecht
A gerente executiva de Relacionamento com Investidores da Petrobras afirmou também que a empresa tem negociações em curso com a Odebrecht a respeito da intenção da petroleira de desinvestir de sua participação na Braskem.
Em reunião com analistas e investidores, ela afirmou que não há novidades ainda sobre o andamento das conversas a respeito do acordo de acionistas com a Odebrecht. Ela disse ainda que a Petrobras não sabe se há interesse da Odebrecht em também se desfazer de sua fatia na companhia petroquímica.
Fonte: Istoé