RIO DE JANEIRO - A Petrobras vai intensificar nos próximos anos a busca de reservas de gás em terra, anunciou nesta última sexta-feira (03) a presidente da companhia, Graça Foster. A executiva afirmou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que a exploração de gás natural e dos chamados gases não convencionais será uma das prioridades do Plano Estratégico com ações para 2030, que a companhia divulgará em julho. "Uma das grandes atividades do Plano 2030 será a busca de gás onshore (em terra), e vamos importar tecnologias e serviços para extraí-lo. Já estamos trabalhando com outras empresas nisso", afirmou Graça Foster.
A presidente da Petrobras declarou que o novo plano estratégico provocará "uma grande revolução na carteira de projetos" da empresa. A executiva admitiu que a Petrobras, líder mundial em tecnologia para exploração de petróleo e gás em águas profundas, terá que importar as tecnologias necessárias para extrair o gás que for descoberto em terra. Esta atividade, com a qual Estados Unidos vem elevando substancialmente sua produção de gás não convencional e reduzindo os custos dos combustíveis, é possível por meio de tecnologias polêmicas como o "fracking", que consiste em injetar água, areia e compostos químicos a grande pressão para causar fraturas na rocha e liberar os hidrocarbonetos.
Graça Foster admitiu que a Petrobras enfrentará grandes desafios para poder extrair o gás não convencional, por não dominar a tecnologia, mas lembrou que a empresa já superou desafios maiores, entre os quais citou os métodos desenvolvidos para explorar o pré-sal. "É necessário primeiro que esse gás exista. Mas, se existe, vamos explorá-lo. Imagino que podemos impulsionar a produção de energia térmica a gás do país", afirmou Graça Foster ao se referir às usinas termelétricas que o governo federal pode construir para aproveitar as possíveis reservas.
A presidente da Petrobras disse ainda que o gás que for descoberto em terra também poderá ser aproveitado, especialmente na região centro-oeste, para produzir adubos e atender a demanda por estes produtos nas novas fronteiras agrícolas do país.
A Petrobras produziu em março 63,6 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia no Brasil e outros 15,6 milhões no exterior. Esse volume é insuficiente para atender a demanda do país, que depende em parte, embora cada vez menos, do gás importado da Bolívia (30 milhões de metros cúbicos diários). Previsões da Agência Nacional de Petróleo (ANP) apontam que o Brasil tem reservas de gás natural em áreas terrestres suficientes para elevar a oferta em 360% na próxima década.
Fonte: Folha (PE)/Agência EFE
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