A crise internacional não deverá ser problema para que a Petrobras consiga captar os recursos necessários. Prova disso foi o sucesso, este ano, com a captação de US$ 18 bilhões, considerados suficientes pela empresa para tocar o cronograma do plano de investimentos de US$ 224 bilhões até 2015. As boas notícias vindas da capacidade financeira foram a tônica ontem no tradicional café da manhã que a estatal realiza com a presença do presidente, José Sergio Gabrielle, e diretores com jornalistas nas últimas semanas do ano. Diante dos mais variados questionamentos, poucas foram as perguntas que ficaram sem resposta.
E as respostas positivas se concentraram na capacidade financeira da companhia "Não tivemos nenhum grande problema de captação em 2011", afirmou Gabrielli, acrescentando que as petroleiras têm encontrado bons ventos para captação, uma vez que a fraqueza esperada para demanda por petróleo e derivados na Europa e Japão deverá ser compensada pela expansão no consumo na Ásia, África e América do Sul, mantendo em alta as cotações da commodity.
O diretor financeiro e de relações dom investidores da estatal, Almir Barbassa, destacou que a estatal tem buscado recursos em várias fontes. "Abrimos recentemente os mercados de euros e libras", disse, lembrando que a Petrobras tem liquidez suficiente para passar por eventual fechamento do mercado europeu em função da crise.
A boa notícia na questão do financiamento também foi estendida aos fornecedores e Gabrielli fez questão de frisar que o programa Progredir, criado para facilitar o financiamento da cadeia de fornecedores, deve atingir R$ 1 bilhão em empréstimos este ano. Atualmente já foram emprestados, via Progredir, R$ 990,3 milhões pelos seis bancos - Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e HSBC - filiados ao programa.
O bom humor demonstrado pela diretoria, com o sucesso da empresa para conseguir recursos para tocar os seus projetos, foi suficiente para manter o bom clima mesmo com diversas informações não tão positivas. O diretor de exploração e produção, Guilherme Estrella, confirmou que a produção de óleo este ano vai ficar, mais uma vez, "pouquinho mais baixa" que a previsão de 2,1 milhão de barris diários na média anual.
"Vamos produzir um pouco menos por uma série de circunstâncias que não estavam previstas", disse Estrella, citando o atraso na chegada de sondas e problemas pontuais, como o defeito em um conector de um poço que reduziu a produção em 40 mil barris diários por dez dias. Depois de citar a entrada de quatro projetos de produção para 2012 - Tiro e Sidon, Baleia Azul, P-55 e Guará -, Estrella foi taxativo: "bombar mesmo [a produção], só quando entrar o pré-sal".
Outra notícia também menos positiva veio do abastecimento, que teve de aumentar o volume importado de gasolina para fazer frente ao aumento da demanda, que subiu 23,2% nos 11 primeiros meses do ano. A previsão da companhia é de que as compras externas do combustível fiquem entre 45 mil e 47 mil barris por dia, bem acima dos 9 mil barris diários em 2010, fruto da incapacidade dos produtores de etanol de atender à demanda, que migrou para a gasolina. Esse crescimento nas importações aconteceu a despeito do aumento de 40 mil barris diários de produção nas refinarias do país.
"Para 2012 não temos entrada de novo refino. Então, deveremos manter a taxa [de utilização das refinarias] em 90%, com 1,850 milhão de barris por dia de capacidade de refino", disse o diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. O executivo acrescentou que a impossibilidade de se aumentar a produção de gasolina em 2012 se dará em um cenário cuja expectativa é de alta contínua na demanda do produto. Com isso, novos avanços nos volume importados podem ser esperados.
Em 2011, o consumo de gasolina será de 432 mil barris por dia, o que coloca a produção nacional na casa dos 390 mil barris diários. Já a importação de diesel até novembro foi de 176 mil barris por dia, para consumo de 862 mil barris por dia
Fonte: Valor Econômico/Por Rafael Rosas e Marta Nogueira | Do Rio
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