A princípio, é claramente uma boa notícia. Mas existem três pontos que poderiam ser melhor esclarecidos pela Petrobras a propósito do seu programa de redução de custos que pretende cortar R$ 32 bilhões em despesas nos próximos quatro anos. O primeiro: dá para acreditar? Em segundo lugar, falta explicar a natureza de algumas das reduções mencionadas, e dentre essas medidas, quais ela mesma pode resolver e quais dependem de melhora do setor de infraestrutura brasileiro.  Em terceiro, e não mais importante, se é tão fácil cortar R$ 8 bilhões em despesas por ano, porque não fez isso antes?

Ao divulgar o Procop (Programa de Otimização de Custos Operacionais) hoje a Petrobras não informou como vai atingir alguns dos objetivos propostos nas áreas de negócios. Não está claro, por exemplo, como será possível reduzir “o número de horas” de estadia nos portos. A empresa não informa de que portos está se referindo (se no Brasil ou exterior) e nem  como poderá intervir na conhecida ineficiência da infraestrutura portuária do país.

Outro exemplo que precisa de esclarecimento é como ela pretende reduzir “dias produtivos” de sondas de workover (que executam trabalhos de manutenção e reentrada em poços já em produção) se, ao mesmo tempo, pretende aumentar o uso desses equipamentos para estancar a preocupante queda de produção dos campos gigantes mais antigos da bacia de Campos. São casos como o de Albacora Leste, que teve um declínio de 100 mil barris/dia na produção nos últimos quatro anos.

Alguns exemplos de redução de custos mencionados reforçam a impressão de que a companhia era muito mal gerida. Um exemplo disso é a meta de redução de compras spot  da Transpetro, presidida pelo ex-senador Sergio Machado (PMDB-CE), que também terá contratos e compras conjuntas de materiais realizadas com a holding. Diante de questões como essa, a pergunta inevitável é a seguinte:  porque isso não era feito antes?

Fonte: Valor Econômico

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