Petrobras procura especialistas na UnB

Quarenta e um milhões de reais que seriam usados em investimentos em pesquisas ficaram parados na conta da Petrobras em 2009. O motivo impressiona quem vive em um país onde os recursos são altamente disputados: faltaram projetos e pesquisadores. A afirmação é do gerente da Universidade Petrobras, Ricardo Salomão, que esteve na Universidade de Brasília nesta sexta-feira, 7 de agosto, para propor parcerias com os pesquisadores. A ideia é estimular os professores a montar e dar cursos de qualificação aos profissionais da empresa, atrair estudantes universitários para estágios e oferecer bolsas de pesquisa em todas as áreas do conhecimento. Cerca de dois mil novos funcionários ingressam todos os anos na empresa e todos passam por cursos de formação na Universidade Petrobras. Atualmente, há 500 cursos que precisam ser oferecidos até o final do ano e que dependem da contratação de professores.
O Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação montou grupo de trabalho para estudar as possibilidades de participação da UnB. "A universidade ainda está muito voltada para dentro. Parcerias como essa são fundamentais para dar retorno à sociedade do conhecimento acumulado aqui", afirmou a decana Denise Bontempo.
A necessidade de cientistas e experimentos é tamanha que a Petrobras vai percorrer outras 26 universidades federais, além da UnB, buscando parcerias. "Tínhamos R$ 50 milhões e investimos apenas R$ 9 milhões em 2009 por carência de projetos. A dificuldade em encontrar especialistas em áreas cruciais do setor energético pode se tornar um gargalo do desenvolvimento econômico", disse Salomão.
PROCURA-SE - Em uma exposição de mais de uma hora, o gerente mostrou que a carência de especialistas e pesquisas se dá em todas as áreas do conhecimento, e não apenas naquelas relacionadas à extração do petróleo em si. Segundo ele, as áreas mais carentes são de engenharia naval e submarina, de petróleo, de equipamentos e de processamento. Também faltam geólogos, geofísicos, químicos, além de técnicos de manutenção e técnicos de operação.
Um dos principais desafios da Petrobras atualmente é a extração do petróleo descoberto nas camadas de pré-sal. "A maior dificuldade é que a extração vai liberar uma quantidade de CO2 inimaginável, o que não podemos permitir. Ao mesmo tempo, não temos tecnologia para resolver isso, nem pesquisas mostrando como fazer".
Outro desafio é construir cidades no fundo do mar. "Hoje as estruturas do fundo do mar são flutuantes, mas a tendência é que sejam fixas, como cidades, mas para isso precisamos de engenheiros civis altamente qualificados", emenda.
A carência de pesquisas envolve até o gás da cozinha. A Petrobras tem 22 milhões de botijões que são abastecidos na empresa e distribuídos no mercado diversas vezes durante o ano. "O problema é que, a cada vez que o gás é introduzido no botijão, uma certa quantidade desse produto é jogado fora", explica Salomão. "Não temos uma tecnologia que evite esse desperdício, tampouco um aparelho que consiga medir quanto de gás é desperdiçado". Salomão destaca ainda a necessidade de pesquisas que apontem uma logística mais eficaz de distribuição desses botijões.
Outra necessidade apontada pelo gerente está na área de relações internacionais. "A Petrobras negocia com 27 países em todo o mundo e nessas negociações é fundamental a presença de especialistas em negociação multicultural, mas ninguém estuda isso", revela. "Há uma demanda enorme nesse setor e não é só da Petrobras", completa.
Salomão destacou também a necessidade de especialistas da área de economia, psicologia, computação, direito e recursos humanos. "A indústria do petróleo é malvada. Ninguém sabe qual será o preço do óleo na próxima semana. Precisamos de especialistas que estudem essa oscilação de preços, que entendam mais do que apenas o mercado financeiro dita", comenta.
AUTOFAGIA - Segundo o gerente, como os profissionais altamente especializados são poucos as empresas praticam o que ele denominou de autofagia. "As empresas roubam a mão de obra qualificada com propostas mais tentadoras", explica. Uma prática que eleva os salários. "Um soldador do gasoduto do Amazonas, por exemplo, ganha R$ 20 mil, porque ele é raro", revela. "Investir em pesquisas de outras fontes energéticas é tornar perene a riqueza que o petróleo gerou", acredita.

UnB Agência

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