SÃO PAULO - A Petrobras quer a rápida resolução do impasse sobre a divisão de royalties do petróleo para ter garantias da realização dos leilões de novas áreas de concessão e o andamento de projetos no pré-sal, disse a presidente da empresa nesta segunda-feira.
"Que seja resolvido da forma que traga menor desentendimento possível e que haja o máximo de aceitação", disse Maria das Graças Foster, referindo-se à polêmica gerada pela recente aprovação no Congresso de um projeto que aumenta os royalties para Estados e municípios não produtores e reduz a fatia dos produtores.
A presidente Dilma Rousseff tem até o dia 30 de novembro para sancionar o projeto de lei que modifica a partilha dos royalties. Ela pode vetar o texto ou partes dele. Caso não vete, há ameaça de os Estados prejudicados entrarem na Justiça, o que poderia prolongar o período de ausência de leilões de áreas exploratórias no país.
Protestos contra a mudança na divisão dos royalties estão ocorrendo na tarde desta segunda-feira no Rio de Janeiro, um dos Estados mais prejudicados pelo novo rateio de recursos.
"Nós pagamos (os royalties) e para nós, do ponto de vista econômico, não faz diferença um modelo ou outro modelo", disse Graça Foster, como a executiva da Petrobras prefere ser chamada, durante evento em São Paulo.
Ela disse que quer ver a equação resolvida da maneira mais rápida possível, evitando eventuais questionamentos judiciais no futuro.
As licitações de novas áreas para exploração de petróleo, o que não ocorre desde 2008, provavelmente só devem sair após a definição sobre a partilha pelos Estados. Sem novos leilões, a área exploratória está minguando no Brasil.
"Nós precisamos que hajam as licitações. É um grande patrimônio esse momento em que você tem uma certa frequência nas licitações e que você pode ter o enriquecimento do portfólio de projetos para o futuro."
Por outro lado, apesar do impasse sobre os royalties, Graça Foster disse que a Petrobras não trabalha com alteração nas datas divulgadas para os leilões, em maio e novembro de 2013.
Para novembro do ano que vem, está previsto o primeiro leilão de áreas do pré-sal, o que desperta interesse de investidores globais.
IMPORTÂNCIA DO PRÉ-SAL
"Precisamos dos novos leilões (nas bacias do pré-sal) porque um dos grandes bens, grande valor, de uma companhia de petróleo é o seu portfólio. É o seu 'novo'. É o que ela vai investir nos próximos anos", disse Graça Foster, em sua palestra.
Como exemplo da importância do pré-sal, ela citou a produção recorde de 223,7 mil barris em 26 de setembro.
Naquele mês, no qual a estatal teve o pior nível de produção desde 2008 no Brasil , as novas áreas do pré-sal contribuíram com 10 por cento da extração total da empresa, evitando um resultado ainda pior.
"Nós tivemos resultados espetaculares no que se refere aos jovens campos do pré-sal."
Para 2020, a presidente projeta que 47 por cento do petróleo extraído pela Petrobras virá de campos do pré-sal.
As ações da Petrobras fecharam em queda de 1,8 por cento, enquanto o Ibovespa recuou 1,45 por cento.
CONSTRANGIMENTO COM MINORITÁRIOS
Desde o início de fevereiro, o ponto mais alto do ano para o valor das ações preferenciais da Petrobras, o papel acumula queda de quase 25 por cento, num período em que a empresa registrou produção abaixo do esperado e um prejuízo de 1,3 bilhão de reais no segundo trimestre --o primeiro em mais de 13 anos.
"As ações da Petrobras são uma demonstração de quanto aborrecidos estão conosco os nossos prezados minoritários e eu compreendo isso. Faço disso uma grande motivação para o meu trabalho", disse Graça Foster. "É algo que me constrange profundamente."
Uma das principais reclamações dos investidores é a política de preços da Petrobras, que importa combustíveis a valores superiores aos que vende no mercado interno, uma vez que o acionista controlador, o governo, não tem permitido todo o repasse da cotação do petróleo no mercado internacional.
Ela, no entanto, defendeu os resultados da empresa, salientando ganhos no setor de refino e a retomada da produção de petróleo em outubro e novembro. No mês atual, segundo ela, a extração no país está acima dos 2 milhões de barris por dia, próximo da meta anual.
"Estamos trabalhando para melhorar a eficiência efetivamente."
Respondendo a uma pergunta da plateia, Graça Foster disse que não tem e nunca teve ações da empresa, para garantir sua isenção na gestão da empresa. Mas disse que, caso não fosse executiva da estatal, investiria nos papéis da empresa todos os recursos pessoais que tivesse.
Fonte: Reuters/Gustavo Bonato
PUBLICIDADE