A Petrobras quitou 100% de sua dívida de US$ 434 milhões com a Bolívia pela compra de gás durante os últimos seis anos, anunciou ontem, segunda-feira (1º), o presidente da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Carlos Villegas.
Em um ato de apresentação de bolsas de estudos no Palácio do governo de La Paz, Villegas disse aos jornalistas que a Petrobras "já pagou" a totalidade da dívida acumulada, que correspondia aos combustíveis liquidificáveis que foram enviados ao Brasil no meio do gás natural exportado das jazidas bolivianas.
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O pagamento desta dívida foi estipulado no dia 18 de agosto mediante a assinatura de um triplo acordo entre Petrobras e YPFB, que também incluía a compra de um volume adicional de gás natural até o fim de 2016.
A dívida da Petrobras era inicialmente de US$ 457 milhões, mas segundo explicou recentemente o presidente boliviano, Evo Morales, o número final ficou em US$ 434 milhões após a aplicação de multas à Bolívia.
As sanções foram impostas, segundo Morales, por dificuldades na exportação como falhas no fornecimento, energia paga não retirada e divergências entre montantes faturados e pagos.
O presidente da YPFB disse nesta segunda que a quantia desembolsada pela Petrobras será usada em projetos de industrialização dos hidrocarbonetos bolivianos.
Segundo dados oficiais, o total de vendas de gás da Bolívia ao Brasil pode chegar neste ano a US$ 4 bilhões.
ACORDO
O acordo faz a Petrobras pagar mais pela mesma quantidade de gás comprado, 30 milhões de metros cúbicos diários. Mas a Bolívia argumenta que o gás fornecido, por causa de sua composição química (gás rico), produzia uma quantidade de energia maior que a necessária para o uso industrial no Brasil.
Sob a condição de anonimato, técnicos da estatal da área de gás disseram à Folha que a demanda da Bolívia não fazia sentido tecnicamente.
Na avaliação deles, a Petrobras estaria pagando duas vezes pelo mesmo produto, já que o poder calorífico do gás é previsto em contrato e o produto não chegava separado das outras moléculas ao país.
Fonte: Folha de São Paulo\DA EFE