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Petrobras terá de desenvolver fornecedores

A Petrobras está mapeando em sua cadeia de fornecedores de equipamentos os "recursos críticos" que enfrentam restrições mundiais devido ao aumento da demanda e que podem atrapalhar o desenvolvimento da exploração no pré-sal. "O grande estrangulamento, o grande risco que o programa de desenvolvimento do programa do pré-sal tem hoje, é a incapacidade da cadeia de fornecedores em atender no prazo e com custos adequados para navios, equipamentos e máquinas. E quando falo de equipamentos estou me referindo a milhares de sistemas, alguns deles absolutamente críticos mundialmente", afirmou o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, ao Valor. Por meio do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Promimp), a estatal informa ter identificado uma série de gargalos. Em um relatório para identificação de lacunas no fornecimento de materiais e equipamentos, a área de exploração e produção registra que não são fabricados no país, por exemplo, motores e turbinas a gás, compressores de parafusos e baleeiras, só para mencionar alguns itens. Também é deficiente a produção de aços especiais com maior resistência à corrosão, como o aço cromo, assim como a falta de um sistema de metalurgia necessário para fazer alguns tipos de válvulas. Na lista também aparecem aços ligados resistentes ao ácido sulfídrico (H2S, trocadores de calor, compressores e até guinchos para plataformas, ainda não são fabricados no país. No caso dos aços especiais, o relatório diz que a Petrobras "deverá criar um grupo de trabalho com os demais setores para analisar todos os fatores envolvidos para a formação de um estoque regulador". Para sair do impasse, Gabrielli diz que a companhia vai "intervir e estimular" os setores considerados críticos. "Esses estrangulamentos não são apenas um problema brasileiro. É preciso elevar a capacidade de produção mundial. E queremos que esse crescimento de capacidade adicional venha para o Brasil", afirma o executivo. A estatal está negociando acordos para desenvolvimento de tecnologia especial para produção de aço cromo no país, mas Gabrielli não cita o nome de empresas. Diz apenas que os acordos estão sendo firmados no Brasil e fora. A companhia também está fechando acordos de cooperação tecnológicas com grandes fornecedores de serviços como a Baker Hughes, que vai instalar sua ferramentaria e um centro de pesquisas no Rio, além da Schlumberger e FMC. Com a Halliburton, o acordo é para pesquisa de tecnologias para determinar a contaminação de fluidos; simulação em laboratório da produção de poços; cimentação em formações de sal e gás carbônico (CO2). A Petrobras deve investir US$ 15 milhões nesses projetos. Em contrapartida, a Halliburton vai implantar em 2011 o Centro de Tecnologias e Soluções Halliburton, na Ilha do Fundão, no Rio. A Petrobras captou US$ 32 bilhões em 2009 e com o dinheiro da capitalização, que ainda está em discussão no Congresso, Gabrielli diz que ela não deve precisar de empréstimos do BNDES. Sobre os financiamentos para fornecedores, ele informa que existem hoje no mercado dez Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, os FDICs, num total de US$ 7 bilhões. Há US$ 1,5 bilhão em fundos de participação para fornecedores. O executivo lista quatro fontes de financiamento. "O FDIC é uma maneira importante de adequar principalmente prazos e volumes aos contratos. O BNDES vem ampliando com seus recursos linhas de financiamento para fornecedores. Em terceiro lugar, os bancos que estão atuando nisso. E em quarto, nos grandes contratos, estamos oferecendo contratos que são bancarizáveis". Como se tratam de ações contabilizadas no balanço e que afetam o limite de endividamento da companhia, as operações bancarizáveis são consideradas seguras pelos bancos, explica ele, citando como exemplo as licitações para aquisição de 28 sondas. Sobre a disposição de grandes empresas estrangeiras, como a Total, de se associarem à Petrobras em grandes projetos para transferência de tecnologias, ele Gabrielli diz que a empresa sempre fez parcerias, mesmo no tempo do monopólio. O executivo afirma que, no pré-sal, dificilmente alguma outra terá maior domínio tecnológico. "Na tecnologia do pré-sal, nós somos os melhores". Gabrielli afirma que a proposta do governo para o novo modelo do setor, em votação no Congresso, "não é o marco regulatório do monopólio da Petrobras". Uma das reclamações da indústria é que a Petrobras sempre será a operadora das áreas licitadas no pré-sal, não importando o tamanho de sua participação no consórcio. Para ele, não interessa à Petrobras nem ao Brasil ficarem isolados. "Quanto à tecnologia, é uma discussão técnica que sempre fazemos, quando somos ou não operadores. Fazemos no Golfo do México e na Nigéria, onde não somos operadores". Segundo o executivo, quando o marco regulatório prevê que a Petrobras tenha no mínimo 30% dos consórcios que vão explorar o pré-sal (podendo ser 100% se for uma decisão de governo), isso significa que 70% serão licitados na maioria das vezes. "É um marco regulatório em que a Petrobras - a maior operadora do mundo em águas profundas, que mais conhece as bacias brasileiras e mais condições de mobilizar recursos para viabilizar uma cadeia de fornecedores brasileiros - pode fazer melhor". (Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner, do Rio)





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