A Petrobras vem ampliando as exigências para aprovar o plano de reestruturação da Sete Brasil. Isso prolonga a agonia financeira da empresa e pode terminar jogando uma pá de cal no projeto de construir sondas de perfuração de petróleo no Brasil. Entre as obrigações impostas pela Petrobras para aprovar o plano está uma lista de empresas operadoras de sondas com as quais a Sete não poderá se associar, algumas delas investigadas na Operação Lava-Jato. A estatal também multiplicou por seis o valor da multa a ser aplicada à Sete, em relação ao que constava nos contratos originais, caso a empresa descumpra os requisitos de conteúdo local mínimo.
Fontes que acompanham as discussões do assunto disseram ao Valor que a reestruturação da Sete está virtualmente paralisada na Petrobras. O tema não foi levado para aprovação da diretoria, nem foi apresentado ao conselho de administração da estatal. Apesar disso, em nota divulgada ontem, a Petrobras afirmou que apoia e participa do projeto de reestruturação da companhia.
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Segundo essas fontes, a Petrobras fez novas exigências para aprovar a reestruturação. No fim de junho houve uma reunião, no Banco Itaú, com mais de 50 credores da Sete e dois gerentes-executivos da Petrobras. Houve acordo para levar adiante o plano de reestruturação financeira, mas nas semanas seguintes surgiram dificuldades levantadas pelo departamento jurídico e por áreas técnicas da estatal. Foram impostas, por exemplo, condições mais duras para que a Sete se qualificasse como operadora de sondas.
O plano original previa que a Sete construiria 28 sondas para a Petrobras, um investimento de US$ 25 bilhões. No início das discussões sobre a reestruturação, em maio, a Petrobras queria reduzir o número para apenas sete ou oito sondas. Chegou-se a um dos poucos entendimentos até agora: o número de sondas ficou em 19, das quais 15 no portfólio da Sete.
A Sete tem pronto um modelo em que dois operadores internacionais de sondas estão dispostos a injetar R$ 2 bilhões para capitalizar a companhia. A implantação, contudo, depende de a Petrobras aprovar a reestruturação.
Fonte: Valor / Francisco Góes e Graziella Valenti