Processo de capitalização foi confirmado pelo presidente da estatal, José Gabrielli
A capitalização da Petrobras deverá ocorrer no dia 30 de setembro e o governo pretende manter o cronograma estipulado, segundo afirmou ontem o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. "O cronograma é apertado, mas dá para fazer", afirmou o ministro.
Indagado sobre a necessidade e a urgência do lançamento de ações, Gabrielli destacou que a companhia tem caixa de R$ 24 bilhões e, portanto, precisa da capitalização apenas para cumprir seus investimentos no longo prazo. "Não há problemas de caixa. Precisamos da capitalização para manter investimentos e para voltar a ficar com folga entre os percentuais de 25% e 35% de alavancagem."
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Na quinta-feira, dia 19, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) receberá o trabalho da certificadora contratada para definir o valor do barril de petróleo que será usado como referência na cessão onerosa de 5 bilhões de barris que a União fará para a Petrobras, cumprindo uma das etapas do processo de capitalização. Depois disso, a agência terá quatro dias para discutir o trabalho recebido e até 31 de agosto deverá estabelecer os termos do contrato sobre a cessão onerosa. "Daí, transcorridos os 30 dias, no dia 30 de setembro, poderemos efetivar a capitalização", prevê Zimmermann.
O presidente da Petrobras comentou sobre o índice de nacionalização para exploração e desenvolvimento de campos de petróleo. Sem entrar em detalhes sobre os percentuais ideais, Gabrielli comentou que em alguns casos a exigência do conteúdo nacional provoca implicações sobre o risco de desenvolvimento de uma determinada área. "Se há uma exigência específica para uma área, que a indústria local não pode cumprir, você provavelmente pode afetar a entrada em operação desta área", disse.
O diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que a empresa está disposta a negociar a unificação dos projetos de construção de um duto de etanol ligando o Centro-Oeste a São Paulo. "Não vemos espaço para três dutos. Os interessados vão negociar e fechar um projeto que atenda aos interesses de todos os investidores", afirmou o executivo em palestra no evento Do Petróleo aos Biocombustíveis.
Na palestra, o executivo evitou falar de projeções futuras dos negócios da estatal, também por conta do período de silêncio. Ele informou que a empresa inicia nesta semana as obras de terraplenagem da refinaria Premium 1, no Maranhão. O projeto, que entra em operação a partir de 2014, será essencial para garantir a autossuficiência brasileira na produção de derivados.
Nesse sentido, Costa defendeu os investimentos da Petrobras em refino, alvo de críticas de analistas do mercado financeiro. Segundo ele, o Brasil passou três décadas investindo pouco em refinarias e hoje é dependente das importações de combustíveis. "Se não houver novos investimentos, seremos excessivamente dependentes de combustíveis estratégicos, como o óleo diesel", afirmou.
O Plano Estratégico da Petrobras prevê investimentos de US$ 73,6 bilhões em refino e petroquímica até 2014. O objetivo é chegar a 2020 com a capacidade de refino de 3,2 milhões de barris por dia, 500 mil a mais do que o consumo nacional de combustíveis projetado para a mesma data.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)