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Petróleo barato coloca em risco projetos como o pré-sal, diz Bird

WASHINGTON  -  A queda dos preços do petróleo vai ajudar a baixar a inflação e a reduzir o déficit em conta corrente de emergentes que são grandes importadores do produto, como Brasil, Índia, Indonésia, África do Sul e Turquia, segundo o Banco Mundial. Em relatório divulgado nesta quarta-feira, a instituição observa, porém, que as cotações mais baixas da commodity podem colocar em risco projetos de exploração de fontes não convencionais, como o da camada do pré-sal brasileiro.

Os países em desenvolvimento que importam o produto podem ter ganhos expressivos com o petróleo mais barato, se forem apoiados por um crescimento global mais forte, na visão do Banco Mundial. “Preços mais baixos do petróleo devem persistir em 2015, e devem ser acompanhados por mudanças significativas de renda real dos exportadores para os importadores do produto. Para muitos importadores, as cotações menores contribuem para o crescimento e reduzem pressões inflacionárias, externas e fiscais”, aponta o capítulo 3 do relatório Perspectivas Econômicas Globais (GEP, na sigla em inglês).

A diminuição do rombo na conta corrente (as transações com o exterior de bens, serviços e rendas) é uma boa notícia para países como Brasil, Turquia e África do Sul, por ser uma grande fonte de vulnerabilidade para essas economias, diz o Banco Mundial. O Brasil, por exemplo, está com um déficit na casa de 4% do PIB.

Nas estimativas do Banco Mundial, uma queda de 10% nos preços do petróleo aumenta o crescimento nos países importadores do produto entre 0,1 e 0,5 ponto percentual, dependendo da fatia das importações da commodity no PIB. No caso da China, o PIB tende a ganhar um impulso de 0,1 a 0,2 ponto percentual, porque o petróleo responde por 18% do consumo de energia, bem menos que os 68% do carvão.

Os preços mais baixos do petróleo vão reduzir temporariamente a inflação global, segundo o relatório. “O impacto nos países vai variar significativamente, refletindo em especial a importância do petróleo nas cestas de consumo, os acontecimentos no câmbio, a política monetária a extensão dos subsídios para combustíveis e outras regulações de preços”, afirma o Banco Mundial. Nas contas da instituição, um declínio de 30% das cotações do produto, se sustentado, deverá reduzir a inflação global entre 0,4 e 0,9 ponto percentual ao longo de 2015. “No entanto, no curso de 2016, a inflação retornaria para os níveis anteriores ao tombo dos preços do petróleo.”

Para grandes exportadores de petróleo, a história é bem diferente e pode causar dores de cabeça, como diz Ayhan Kose, diretor de perspectivas de desenvolvimento da instituição, num vídeo divulgado pelo Banco Mundial. Na Rússia e em alguns países do Oriente Médio e do Norte da África, o PIB pode se contrair de 0,8 a 2,5 pontos percentuais no ano seguinte a um recuo de 10% na média anual dos preços.

Essa desaceleração afetará as receitas fiscais desse grupo de economias. Em boa parte desses países, os preços do barril do petróleo que equilibram as contas públicas estão muito acima das cotações atuais, aponta o Banco Mundial. Na Líbia, por exemplo, o número chega a US$ 184.

“Em alguns países, as pressões fiscais podem ser em parte mitigadas por um grande fundo soberano ou por ativos de reservas. Em contraste, muitos exportadores frágeis, como a Líbia e o Iêmen, não têm amortecedores significativos, e um declínio sustentado dos preços pode exigir um ajuste fiscal e externo substancial, incluindo depreciação (do câmbio) e compressão das importações”, nota o relatório, acrescentando que os recentes acontecimentos no mercado de petróleo vão requerer mudanças nas políticas macroeconômicas e financeiras em países como Rússia, Venezuela e Nigéria.

Outro problema é que, desde outubro, o tombo do petróleo tem sido acompanhado por uma maior volatilidade nos mercados de câmbio e de ações de vários países emergentes. Os investidores passaram a reavaliar as perspectivas de crescimento de grandes exportadores da commodity, segundo o Banco Mundial. Em países como Rússia, Venezuela, Colômbia, Nigéria e Angola, isso contribuiu para saída de capitais, perda de reservas, fortes desvalorizações do câmbio, ou aumento dos prêmios de risco. A perda do fôlego do crescimento pode ainda afetar os balanços de empresas e elevar o número de empréstimos não pagos nessas economias, diz a instituição.

O Banco Mundial também lembra que o petróleo mais barato deve reduzir o investimento na exploração e no desenvolvimento no setor. Projetos em países mais pobres, como Moçambique e Uganda, podem ficar em risco, assim como os de fontes não convencionais, caso do pré-sal do Brasil, do petróleo de xisto nos EUA e das areias betuminosas no Canadá, além do Ártico.

Para a instituição, os preços mais baixos do petróleo podem ser uma oportunidade para uma reforma da tributação de energia e dos subsídios aos combustíveis, muito significativos em várias economias em desenvolvimento. Em diversos países, os subsídios superam 5% do PIB. Outro caminho é promover reformas para diversificar as economias, para torná-las menos dependentes do petróleo.

O relatório também analisa as várias causas do tombo do produto. O Banco Mundial cita os vários anos de surpresas positivas em relação à oferta e de notícias negativas quanto à demanda, a diminuição de alguns riscos geopolíticos e uma mudança na estratégia da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que passou a privilegiar a manutenção de fatias do mercado e não mais uma banda para os preços. Por fim, a valorização do dólar também colaborou para o recuo das cotações. Para o Banco Mundial, embora seja difícil definir a força relativa de cada um desses fatores, a queda recente dos preços parece mais relacionada ao comportamento da oferta.

Fonte: Valor Econômico/Sergio Lamucci | Valor






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