Acionada pelo Palácio do Planalto, a Petrobras entrou ontem em ação para tentar evitar a greve dos petroleiros agendada para o dia 16. A estatal convocou uma reunião com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que pede um aumento real de 10% e melhores condições de segurança. A ideia do governo Dilma Rousseff é evitar a elevação dos gastos públicos e que a greve dos petroleiros sirva de exemplo para outras categorias.
No mês passado, o governo teve de lidar com as greves dos servidores dos Correios e dos bancários. Conseguiu, por outro lado, enfraquecer o movimento grevista que ameaçava paralisar os principais aeroportos do país. Agora, além de tentar conter uma iniciativa que pode contagiar outras negociações setoriais e prejudicar o combate à inflação, esforça-se para impedir uma paralisia na estratégica produção de petróleo e seus derivados da maior empresa do país.
"A gente quer cobrar a Petrobras. Temos o direito de afetar a rentabilidade da empresa para buscar os nossos direitos", afirmou o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, João Antônio de Moraes.
O governo Dilma Rousseff entrou em cena depois que a FUP, aproveitando uma reunião sobre o setor energético na Secretaria-Geral da Presidência da República, tratou da potencial greve com o ministro Gilberto Carvalho. Uma das funções de Carvalho é justamente fazer o meio de campo entre o Executivo e os movimentos sociais. O Palácio do Planalto entrou então em contato com a Petrobras, pedindo informações sobre o assunto.
A estatal já havia feito sete reuniões com os sindicalistas, mas acordo algum fora fechado. Ontem, um novo encontro foi realizado na sede da empresa. A greve poderá parar os trabalhos em plataformas, terminais, refinarias e escritórios da Petrobras.
"Ele [Gilberto Carvalho] disse que ia tratar da questão com a presidente Dilma. Temos certeza que o Palácio do Planalto não concorda com as mortes na Petrobras", comentou o coordenador-geral da FUP. "Foram 16 mortes só neste ano."
Os petroleiros reivindicam um reajuste real de 10% em seus salários e melhores condições de saúde e segurança. A Federação Única dos Petroleiros quer, por exemplo, participar de todas as investigações de acidentes que ocorrerem na empresa. Atualmente, reclamam os sindicalistas, só há representantes dos trabalhadores nas comissões que apuram acidentes com vítimas fatais.
A FUP estima que o indicativo de greve tenha a adesão de 90% da categoria. O movimento tinha recebido até ontem, por exemplo, o apoio dos trabalhadores do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará, Espírito Santo e das bases de Duque de Caxias e Norte Fluminense, no Rio de Janeiro. Em São Paulo, Brasília, Bahia, Amazonas e Mato Grosso, os sindicatos locais ainda concluirão suas assembleias.
Até o fechamento desta edição, os negociadores de Petrobras e da FUP ainda estavam reunidos. As duas partes tinham uma reunião marcada com o Ministério Público do Trabalho na quarta-feira, mas o encontro foi adiado para segunda-feira. Procurada, a Petrobras não comentou o assunto.
fonte: Valor Econômico/Por Fernando Exman | De Brasília
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