A instalação de uma base offshore no Porto de Santos, no litoral de São Paulo, para atender às unidades do pré-sal, está fora do atual plano de negócios e investimentos da Petrobras. A empresa, que prevê operar 13 novas plataformas na região da Bacia de Santos até 2022, também descarta ampliar a estrutura administrativa na cidade.
A Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Santos (UO-BS) completou 12 anos em 2018, produzindo diariamente 1,335 milhão de barris de petróleo. O resultado, a partir de 15 plataformas em funcionamento (sendo 4 no pós-sal), representa aproximadamente 40% do total da produção da companhia em todo o país.
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Em abril, a direção da estatal anunciou que decidiu desativar, em definitivo, todas as operações aéreas de transporte de funcionários às plataformas de petróleo a partir de aeroportos no litoral paulista. Após quase uma década, 600 voos anuais de helicópteros foram transferidos de Itanhaém para Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
"A Petrobras constantemente estuda e avalia oportunidades de negócios. No momento, não existe a intenção de nova licitação para a contratação de berços de atracação no Porto de Santos", afirma o gerente geral da UO-BS, Osvaldo Kawakami. Em 2014, a estatal almejava ter, ao menos, duas áreas de costado para atracação de embarcação no cais santista.
Unidade de Operações da Bacia de Santos ocupa torre no Valongo, em Santos, SP (Foto: Raimundo Rosa/PMS) Unidade de Operações da Bacia de Santos ocupa torre no Valongo, em Santos, SP (Foto: Raimundo Rosa/PMS)
Unidade de Operações da Bacia de Santos ocupa torre no Valongo, em Santos, SP (Foto: Raimundo Rosa/PMS)
Um certame, realizado na época, fracassou e frustrou os planos, mantendo a base offshore de apoio à Bacia de Santos no Porto do Rio de Janeiro. "Essa opção foi feita com base em estudos, considerando cenários de movimentação de cargas e recursos para garantia da eficiência e baixos tempos operacionais", explica Kawakami.
O setor empresarial do litoral paulista, entretanto, permanece com o interesse de querer retomar o projeto com o objetivo de fortalecer o setor na região. Em março, a Câmara Setorial de Petróleo e Gás da Associação Comercial de Santos (ACS) apresentou um estudo técnico que identificou áreas no entorno do cais santista para exploração.
O presidente da estatal, Pedro Parente, não descartou, na ocasião, a chance de instalar uma base offshore na região, mas que dependerá do apoio da iniciativa privada para fazê-lo. O executivo destacou que o aumento da demanda da produção com as novas plataformas da bacia pode colaborar para com a retomada dos planos.
A curto prazo, entretanto, oficialmente os investimentos em terra demonstram estar congelados. No bairro Valongo, onde está a sede da UO-BS, das três torres inicialmente previstas no projeto para ocuparem o terreno, apenas uma foi erguida. O moderno prédio reúne 2.200 trabalhadores que ficam à disposição da unidade.
UO-BS reúne mais de 2 mil trabalhadores na região do Valongo, em Santos, SP (Foto: José Claudio Pimentel/G1) UO-BS reúne mais de 2 mil trabalhadores na região do Valongo, em Santos, SP (Foto: José Claudio Pimentel/G1)
UO-BS reúne mais de 2 mil trabalhadores na região do Valongo, em Santos, SP (Foto: José Claudio Pimentel/G1)
"O projeto foi desenvolvido levando-se em conta o dimensionamento da força de trabalho. A torre existente atende ao momento atual da composição de efetivo", garante Osvaldo Kawakami. Ao reunir as operações da Bacia de Santos ali, eles também mantêm o controle à distância das plataformas em seis blocos da bacia.
"Em Santos, estão localizadas as atividades administrativas da Bacia de Santos e também uma sala de controle remoto, de onde é possível monitorar a operação das plataformas próprias localizadas na Bacia", explica. A partir do prédio, a empresa gerencia ainda a Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato, em Caraguatuba (SP).
Novas plataformas
Em abril, a plataforma P-74 foi a primeira do plano de negócios em vigor a começar a operar. Ela foi baseada no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 quilômetros da costa do Rio de Janeiro e extrai petróleo a partir de 2 mil metros de profundidade da linha d'água, conforme informações oficiais da companhia.
Plataforma P-74 é a primeira do atual plano de investimentos da Petrobras (Foto: Yessica Lopes/RBS TV) Plataforma P-74 é a primeira do atual plano de investimentos da Petrobras (Foto: Yessica Lopes/RBS TV)
Plataforma P-74 é a primeira do atual plano de investimentos da Petrobras (Foto: Yessica Lopes/RBS TV)
Segundo o gerente geral da UO-BS, Osvaldo Kawakami, até 2019, serão entregues oito novas unidades na Bacia de Santos: a P-67 e a P-69 no Campo de Lula, a P-68 no Campo de Berbigão, a P-75, P-76 e P-77 no Campo de Búzios, além da P-70 no Campo de Atapu. As plataformas estão em fase final de construção.
Entre em 2021 e 2022, devem iniciar operação as outras cinco unidades nos campos de Búzios, Sépia, Itapu, além de duas no campo de Mero (Libra). "A carteira de investimentos da Petrobras, nos próximos cinco anos mantém o mesmo nível de investimentos em relação ao ciclo anterior", garante Kawakami.
Segundo o gerente da UO-BS , a previsão é que ao final do plano 2 milhões de barris diários sejam adicionados à produção da unidade. Ao menos 81% dos investimentos da companhia são destinados à exploração de petróleo, o que representa mais de R$ 200 bilhões. Pelo menos 58% são destinados ao pré-sal.
Fonte: G1