RIO - Apesar de ainda estar intacto, sete mil metros abaixo da superfície do mar, o petróleo depositado na camada pré-sal já é o combustível de uma corrida por investimentos bilionários em terra firme. De acordo com reportagem de Rennan Setti e Ramona Ordoñez, publicada na edição desta segunda-feira do GLOBO, são obras de infraestrutura e logística, e negócios nos setores portuário, aeroportuário, hoteleiro, imobiliário, naval e de pesquisa tecnológica. O dinheiro vem tanto de empresas privadas como do governo e pode ultrapassar a cifra dos US$ 20 bilhões. E o Rio - que concentra 85% da produção brasileira atual e é um dos estados que têm poços do pré-sal - ocupa posição privilegiada na rota desses investimentos.
Os portos receberão atenção especial nesse fluxo de dinheiro. Dezenove empresas nacionais e internacionais já comunicaram à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) a intenção de explorar terminais ou áreas arrendadas em portos de todo o país, visando à movimentação gerada direta ou indiretamente pelo pré-sal. Técnicos da Antaq estimam que só esses projetos têm potencial para captar entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões em atividades como apoio offshore (abastecimento de plataformas), apoio marítimo, produção de tubos flexíveis, entre outras. Para não causar especulação no mercado, a agência não divulga quais portos estão despertando o interesse privado.
Especificamente nos terminais do Rio, haverá o aporte de mais de R$ 2,5 bilhões nos próximos anos. Além do R$ 1,345 bilhão que chegará, até 2013, para obras de dragagem e reforma por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 1 e 2 - nos portos da capital, de Angra dos Reis e Itaguaí - também haverá investimentos privados visando ao fluxo do pré-sal. Segundo Jorge Luiz de Mello, presidente da Companhia Docas do Rio, o Porto de Angra terá seu terminal triplicado nos próximos anos. O subsecretário estadual de Transportes, Delmo Pinho, acredita que, em cinco anos, sua movimentação será dez vezes maior do que é hoje.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno, lembra que o pré-sal também está estimulando investimento em pesquisa científica. As empresas Baker Hughes, Usiminas e Schlumberger vão instalar três centros de pesquisa em mais de 15 mil metros quadrados do Centro Tecnológico da UFRJ, no Fundão, gastando mais de R$ 131 milhões no total.
Fonte: O Globo
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