Um dia antes de completar um mês do vazamento causado por perfuração no Campo de Frade, na Bacia de Campos, o presidente da Chevron no Brasil, o americano Georg Buck, faltou ao depoimento marcado pelo Ministério Público Federal, em Campos, a 280 km do Rio.
Pouco depois das 19h30 de terça-feira (6), após o encerramento do expediente do MPF, um documento assinado pelo advogado Oscar Graça chegou à procuradoria, por fax, solicitando uma nova data para que Buck preste esclarecimentos sobre o caso.
Segundo o procurador da República Eduardo Santos de Oliveira, desde o mês passado os advogados de Georg Buck tentavam evitar que o executivo prestasse esclarecimentos ao Ministério Público. O procurador Oliveira diz não abrir mão do depoimento do americano, marcado agora para a próxima terça-feira, dia 15.
"Não existe nenhuma razão jurídica para qualquer cidadão deixar de depor à polícia, à Justiça ou ao Ministério Público. Fiquei tão surpreso com o pedido que, sinceramente, não sei o que estão pensando. Ainda me sugeriram que o senhor Buck fosse ouvido por carta precatória. Ele não é testemunha do caso, os fatos aconteceram aqui na Bacia de Campos e ele é representante da empresa. Acredito que ele tenha interesse em esclarecer os fatos. Não abro mão da presença dele aqui", afirmou o procurador.
No mesmo documento em que o advogado Oscar Graça sugere uma nova data para o depoimento, ele informa que levará para depor o superintendente de Meio Ambiente da empresa, Luiz Pimenta.
Pouco depois das 16h, Pimenta e mais três advogados foram ao prédio do MPF em Campos para se reunir com o procurador. Eles chegaram à cidade pela manhã em voo vindo do Rio.
Apesar do contato da Folha, os advogados não falaram sobre a estratégia para adiar o depoimento de Georg Buck.
"Não ouvirei essa pessoa. Volto a repetir: a polícia, o Ministério Público e a Justiça é quem devem saber que pessoas são importantes para esclarecer os fatos. Esses senhores querem que eu mude de ideia. Não é assim. Quando eu precisar saber detalhes técnicos sobre o vazamento chamarei a pessoa adequada. No momento, quero detalhes que a administração da Chevron vai responder. E ninguém melhor que o seu presidente", disse o procurador.
INQUÉRITO
O procurador Eduardo Oliveira abriu um inquérito civil para apurar as responsabilidades por danos ambientais, econômicos e morais que segundo ele foram causados pelo vazamento.
"Ainda é prematuro para se definir o valor da indenização. O inquérito está em curso e ainda estamos juntando elementos. Por isto, o depoimento de Georg Buck é importante", afirmou Oliveira.
Fonte: Folha / Marco Antônio Martins
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