IPT desenvolve pesquisa com instituições europeias para criar produto anticorrosivo de aplicação ‘offshore’ — O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, está auxiliando a Universidade de Aveiro, de Portugal, no projeto Nanomar. O objetivo é desenvolver um produto anticorrosivo para ampliar o tempo de vida de estruturas expostas a condições marítimas, como plataformas. O programa deverá ser finalizado em setembro. Caso seja bem-sucedido, poderá ajudar as empresas dos setores marítimo e naval a economizar tempo e dinheiro com a manutenção e substituição de materiais nessas estruturas.
Segundo as pesquisadoras brasileiras Fabiana Yamasaki Martins Vieira e Celia Lino dos Santos, ambas do Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT, alguns dos resultados obtidos no âmbito deste projeto demonstram potencial para futuras aplicações na indústria offshore. O Nanomar é um projeto europeu financiado pelo Seventh Framework Programme for Research FP7, um dos principais programas de financiamento da União Europeia para iniciativas de pesquisa e desenvolvimento.
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— Este é um projeto extremamente ambicioso, envolvendo tecnologia inovadora na elaboração de revestimentos bifuncionais que permitirá proteger estruturas metálicas da corrosão e da incrustação de material biológico. Estes revestimentos possuem como base microcápsulas contendo inibidores de corrosão ou biocidas que irão conferir as propriedades desejadas à tinta desenvolvida, nomeadamente inibição da corrosão e proliferação de cracas — explica Fabiana. “Isso permitirá aumentar o tempo de vida das estruturas metálicas expostas às condições marítimas”, diz.
O IPT, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do estado de São Paulo, é um dos parceiros, assim como o Max Planck Society (da Alemanha) e o Institute of Crystallography (IC RAS, da Rússia). Enquanto a instituição portuguesa responde pela coordenação geral do projeto e também pela caracterização das nanopartículas e execução de ensaios eletroquímicos, o Max Planck faz a sintetização dos componentes nanoestruturados de biocidas e o IC RAS, dos componentes contendo os princípios anticorrosivos.
O IPT é responsável pelos testes no laboratório flutuante e de névoa salina — usado em laboratório para analisar a resistência à corrosão e a durabilidade de um produto ou estrutura metálica. “Atualmente, há 44 corpos de prova com sistema de pintura bifuncionais em exposição no laboratório flutuante. Prevê-se uma avaliação visual dos mesmos em maio ou junho. Metade deles encontra-se em condição de imersão total e a outra metade em zona de respingo”, assinala Fabiana.
A pesquisadora conta que ainda não foram realizados estudos econômicos. “No entanto, toda a tecnologia que permita prolongar o tempo de vida de estruturas expostas a condições marítimas poupará despesas em manutenção e substituição de materiais nestas estruturas. Alguns dos resultados obtidos no âmbito deste projeto demonstram potencial para futuras aplicações na indústria offshore”, assegura.
O primeiro contato entre a Universidade de Aveiro e o Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT ocorreu em 2010. No ano seguinte, o projeto foi submetido e aprovado pela Comissão Europeia. A parceria começou em 2012. O contato com o centro acadêmico europeu aconteceu porque o professor Mario Ferreira, do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da universidade portuguesa, já conhecia, na época, o chefe do Laboratório de Corrosão e Proteção, Zehbour Panossian, de outros trabalhos. “Ele sabia que o IPT conta com um laboratório flutuante em São Sebastião (no litoral de São Paulo) e viu a oportunidade perfeita para ensaios em condições reais de exposição”, afirma a pesquisadora.
Fabiana explica que o IPT teve que criar um projeto interno para complementar as atividades de pesquisa relacionadas com o programa português. O intercâmbio de informações é constante entre todas as entidades envolvidas. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas já enviou dois pesquisadores para a Alemanha e dois para Portugal no âmbito deste projeto, com a finalidade de trocar tecnologias e conhecimentos.
No ano passado, dois pesquisadores portugueses visitaram o IPT. Em janeiro deste ano, mais dois pesquisadores de Portugal e uma pesquisadora da Alemanha vieram ao Brasil dar continuidade às atividades de pesquisa. “A pesquisadora alemã já voltou ao seu Instituto e os pesquisadores de Portugal regressam no final de abril. A professora Zehbour Panossian irá para a Alemanha para ajudar na finalização dos trabalhos relacionados ao projeto”, diz.
De acordo com a pesquisadora, caso algum desenvolvimento seja alvo de propriedade intelectual, essa questão será negociada entre as entidades envolvidas, de acordo com o que foi descrito no contrato de consórcio.