Haddad: recursos já garantidos pelo Fundo da Marinha Mercante
O resultado da licitação para construção de oito gaseiros do Promef deve ser divulgado hoje
Enquanto aguarda para hoje o anúncio pela Transpetro do seu nome como o estaleiro vencedor da licitação dos oito navios gaseiros e se mantém "à deriva", ou seja, à espera de uma área abrigada no litoral cearense para instalação do empreendimento, a PJMR, empresa sócia do estaleiro Promar Ceará, "manobra" para financiar, com o Banco do Nordeste, recursos da ordem de US$ 70 milhões, para bancar parte dos investimentos no Estado. A apresentação de uma carta consulta ao BNB, de um empréstimo nesse valor, o correspondente a 70% dos US$ 100 milhões previstos para serem aplicados pela empresa no empreendimento, foi confirmada ontem, pelo diretor presidente da PJMR, Paulo Haddad.
Além desse valor, o governo do Estado do Ceará já garantiu investir outros R$ 60 milhões, o equivalente a cerca de US$ 35 milhões, em obras de infraestrutura. Convertendo todos os recursos para reais, resultam em investimentos totais no novo estaleiro, da ordem de R$ 220 milhões. Isso, se o empreendimento for ser construído na Praia do Titanzinho, o que ainda não tem nada garantido.
Pleito
"Estamos cadastrando um pleito de US$ 70 milhões, junto ao BNB", confirmou Haddad, lembrando que esses recursos já teriam sido garantidos pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), em fins de dezembro último. Consultado, o BNB informou por meio da Assessoria de Comunicação, que o pedido de financiamento existe, mas que ainda está em "fase embrionária", de análises de documentos contábeis, técnicos e jurídicos da PJMR. Segundo ainda a assessoria do banco, o contato com a diretoria não foi possível, pois todos os diretores estão em Recife, participando do Encontro Anual de Gestores do BNB.
De fato, em reunião realizada em 18 de dezembro último, o Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) aprovou a construção de dois novos estaleiros de grande porte na Bahia (Paraguaçu e Estaleiro da Bahia), um em Alagoas (do estaleiro Eisa) e o Promar Ceará, se a PJMR ganhar a licitação. Em dezembro, o CDFMM assegurou R$ 4,32 bilhões para o financiamento da construção e modernização de vários estaleiros no País.
Indefinições perduram
A liberação do financiamento, ainda em estudo pelo BNB, não é única indefinição acerca do empreendimento. Afinal de contas, nem local para se instalar no Ceará, a PJMR tem, o que não significa dizer que não esteja buscando também outras praias em outros Estados, para ancorar o estaleiro.
A PJMR insiste que o estaleiro só tem viabilidade econômica no Ceará, se for instalado nana ponta da enseada do Mucuripe. O governador Cid Gomes defende a iniciativa, pautado na perspectiva de geração inicial de 1.200 empregos diretos e cinco mil indiretos e na requalificação dá área do Serviluz, esquecida pelo setor público há mais de meio século.
Na proa do barco, com o timão, ou a caneta na mão, a Prefeita Luizianne Lins afirma que "apoia do empreendimento, desde que não seja no Titanzinho". Políticos, entidades de classe, bem como parte da comunidade do bairro também estão divididos entre os benefícios da geração de empregos e os riscos ambientais na área.
No "jogo" técnico e político, está um negócio inicial de cerca de R$ 570 milhões, mas cujo valor final e as devidas especificações dos navios só serão conhecidas ao fim da licitação. Nesse empreendimento, a projeção da própria PJMR é de um faturamento de R$ 200 milhões, se conseguir a construção do equipamento no Serviluz. E enquanto o Ceará não se decide, a Transpetro lança ao mar, em Pernambuco, no dia três próximo, o primeiro navio do Promef, em construção no Estaleiro Atlântico Sul, em solenidade com o Presidente Lula. A embarcação do tipo Suezmax tem 274 metros de comprimento e capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CARLOS EUGÊNIO
PUBLICIDADE