Na contramão do que estão praticando os demais Estados do Nordeste, o Ceará perdeu a implantação do Estaleiro Promar Ceará, que agora é alvo de disputa por outros locais, inclusive Pernambuco. Hoje, é a data limite estabelecida pela Transpetro para a PJMR – que comanda o empreendimento – apresentar uma nova localização para a indústria. O estaleiro venceu a licitação da estatal para a construção de oito navios gaseiros, com valor de US$ 580 milhões e corre contra o tempo para encontrar uma nova área e entregar a encomenda a tempo.
Por meio de sua assessoria de comunicação, a Transpetro informou que hoje será encaminhado um comunicado oficial à imprensa, informando sobre a nova localização do Promar Ceará. Na semana passada, o Diário Oficial de Pernambuco publicou o arrendamento de uma área de 80 hectares no Complexo de Suape para a implantação do estaleiro. A principal vantagem oferecida por Pernambuco é o pré-licenciamento ambiental oferecido pelo porto. E foi exatamente nesse quesito que os empresários da PJMR esbarraram no Ceará. O investimento estimado é de R$ 300 milhões, com geração de 1,5 mil empregos diretos.
“Quando o Ceará perdeu o estaleiro foram muitos os comentários de que a Transpetro não queria que o negócio migrasse para Pernambuco para evitar uma concentração. Mas o raciocínio tem que ser exatamente o contrário. O mundo dá essa demonstração. Na Coreia do Sul, por exemplo, a maioria dos estaleiros está localizada na baia de Busan, num raio de 70 quilômetros. Três das quatro universidades de Engenharia Naval estão na região. O local também concentra fornecedores e até uma siderúrgica. Essa sinergia garante competitividade ao polo”, defende o especialista no setor, Floriano Pires.
O professor da UFRJ também sugere que o governo federal crie uma política nacional para o setor e eleja os novos polos navais brasileiros, que na opinião dele poderiam se instalar em Pernambuco e no Rio Grande do Sul, reforçando os tradicionais clusters do Rio de Janeiro e Santa Catarina. “O governo possui dois importantes instrumentos para direcionar essa política setorial. Um deles é o pacote de encomendas e o outro é o financiamento à atividade, por meio do Fundo da Marinha Mercante”, observa.
Pires lembra que o Estaleiro Atlântico Sul sofreu o ônus de ser o primeiro a se instalar numa nova fronteira da indústria naval, mas que esse é o passo natural para consolidação de um polo. “Por outro lado, o governo oferece incentivos e subsidia a atividade para que ela se torne competitiva”, destaca.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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