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Saída da Samsung abre porta ao Japão

As negociações dos sócios do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) para encontrar um novo parceiro estratégico são intensas. Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, controladoras do estaleiro pernambucano, negociam com dois pesos-pesados japoneses: Mitsui, com quem as conversas estão mais adiantadas, e a Mitsubishi.

A participação acionária do novo sócio poderá ficar em torno de 30% - a conferir. Os sócios do EAS correm contra o tempo para recuperar o atraso provocado pelos problemas causados pela ex-sócia, a coreana Samsung, que vinha fazendo "corpo mole" desde que o contrato para a construção das sete sondas de perfuração em águas ultraprofundas foi assinado, em junho de 2011, disse uma fonte ouvida pelo Valor.

A Sete Brasil, que vai arrendar esses equipamentos à Petrobras, pressiona o EAS. O estaleiro terá que recuperar os nove meses perdidos já que deveria ter começado a construir a primeira sonda, que precisa ser entregue em junho de 2015. O EAS terá que apresentar um novo projeto para essas embarcações - o da antiga sócia não será usado. As negociações estão sendo feitas com a norueguesa LMG Marin, a mesma projetista do estaleiro Enseada do Paraguaçú, a ser construído por Odebrecht, UTC e OAS na Bahia. A LMG Marin estaria associada ao Remontowa, um construtor naval pequeno, mas tradicional da Polônia.

Segundo fontes ouvidas pelo Valor, a LMG tem um projeto com mais engenharia naval, de execução mais simples e que usa 10% menos aço do que o da Samsung.

Em seu primeiro mês na presidência da Petrobras, Graça Foster já não deixa dúvidas de que sua principal preocupação é desatar o nó que não deixa deslanchar o projeto do governo de retomar a construção naval no Brasil.

Hoje Graça Foster vai visitar as instalações do estaleiro Rio Grande, da Engevix, no Rio Grande do Sul, depois de ter ido pessoalmente no EAS e no Enseada, na Bahia. Em entrevista recente ao Valor, Graça disse que quer ver pessoalmente a situação desses estaleiros e que nesse assunto, a Petrobras "vai cair em cima".

A saída da Samsung de Pernambuco pode acabar resvalando na composição acionária de outros estaleiros que têm contrato de transferência tecnológica com um sócio minoritário detentor da tecnologia de construção. É o caso do OSX, que o empresário Eike Batista está construindo no Rio e que deve fechar contrato com a Sete Brasil para construir duas sondas.

Na sexta-feira, quando anunciou que fará um aporte de US$ 1 bilhão na OSX, Batista disse que tem um contrato bem amarrado com a também coreana Hyundai Heavy Industries, que tem 10% da OSX Construção Naval. Na entrevista ao Valor, Graça Foster afirmou que a seu ver, fatias de 6% (como era o caso da Samsung) ou 10%, como o da Hyundai, são pequenos para garantir um comprometimento com o Brasil de uma estrangeira que tem domínio desse negócio no mercado internacional: "Só vai ter assinatura de contrato na hora em que a Sete Brasil demonstrar por A mais B mais C mais D mais E que vai construir ali e que aquele estaleiro tem toda a condição de receber a encomenda porque tem um plano, porque tem um plano B, porque tem um plano C".

Segundo Eike Batista, o acordo da OSX com a Hyundai prevê transferência de tecnologia e treinamento de pessoal. "Desde o início, esta negociação foi muito diferente das outras feitas no Brasil. Nós tivemos um custo de US$ 250 milhões para comprar esse know-how e hoje nós temos um relacionamento com a transferência de 40 gerentes coreanos que virão morar no Brasil. Ficarão aqui em tempo integral", disse o executivo, em conferência com analistas.

"Estamos falando de transferência total de tecnologia, de estaleiro de última geração. E também muitos brasileiros irão para a Coreia para, basicamente, compreender melhor, entender o procedimento e aprender como administrar esse estaleiro", informou Eike Batista.

As palavras de Graça sugerem que a Sete Brasil deve pressionar todos os estaleiros com os quais vai contratar outras 21 sondas, de modo a ter mais garantias de que os atuais sócios têm um plano alternativo caso surjam problemas como o da Samsung.

Mesmo assim, a avaliação é que os problemas no EAS, que culminaram com a saída da Samsung, aconteceram em boa hora porque "ainda dá tempo para recuperar o atraso e sinaliza para o mercado que a política de conteúdo nacional não afrouxou", explicou uma fonte envolvida.

Se o EAS fechar parceria com um japonês, a sociedade pode marcar a volta de um grande conglomerado do Japão à construção naval e offshore do Brasil depois que a japonesa Ishikawajima-Harima Heavy Industries, atual IHI, deixou o país em 1994.

Um executivo de uma grande empresa mostrou-se cauteloso, porém, com a possibilidade de um desfecho das negociações do EAS no curto prazo. Na avaliação de fontes ouvidas pelo Valor, a pequena participação que os coreanos detinham no EAS demonstra que sócios estrangeiros precisam assumir riscos se quiserem entrar na construção de plataformas no Brasil.

"É preciso dividir ônus e bônus", disse o executivo. O Samsung chegou a ter 10% do EAS, mas foi diluído e caiu para 6% até sair do negócio. O estaleiro da OSX, no Rio, tem 10% de participação da Hyundai, enquanto o Enseada do Paraguaçu, na Bahia, projeto de Odebrecht, OAS e UTC, ainda negocia participação com sócio estrangeiro. No mercado, comenta-se que o Enseada do Paraguaçu teria se definido pelo japonês Kawasaki com quem negociaria percentual de participação entre 20% e 30%, mas oficialmente a escolha não foi anunciada e um outro candidato continuaria no páreo: o grupo coreano DSME (Daewoo).


Fonte: Valor EconômicoCláudia Schüffner e Francisco Góes | Do Rio






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