Estaleiro, apontado como marco da retomada do polo naval brasileiro, entregou o casco da plataforma P-55 à Petrobras
Sem festa, sem discurso de autoridades, sem fogos de artifício. Foi assim, em silêncio, que o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, fez a entrega de sua primeira encomenda à Petrobras: o casco da plataforma P-55. Apontado como marco da retomada da indústria naval no País, o estaleiro optou pela discrição na tentativa de evitar comentários e questionamentos sobre o João Cândido. O navio está há 3 anos em construção no empreendimento e só sairá do EAS no próximo ano.
Na quinta-feira (22), por volta do meio dia, os rebocadores iniciaram a operação para retirada da plataforma do cais de acabamento para o mar. O casco será rebocado por 2 mil milhas até o Estaleiro Rio Grande (RS), onde será integrado à estrutura superior da unidade (deck box), construída na empresa gaúcha. A previsão é que o transporte, realizado por dois rebocadores oceânicos, seja concluído em duas semanas. A plataforma saiu de Suape com uma tripulação de 100 pessoas.
A P-55 é uma plataforma projetada para operar em águas profundas. Terá capacidade de produção de 180 mil barris de petróleo leve por dia. De acordo com o EAS, ela será instalada no Campo de Roncador, na Bacia de Campos (RJ), a uma distância de 130 quilômetros da costa e sobre uma lâmina d'água de 1.795 metros.
O casco da P-55 deveria ter sido entregue em setembro do ano passado, mas saiu com 15 meses de atraso. Em texto encaminhado à imprensa, por meio de sua assessoria de comunicação, o EAS justificou que a demora foi motivada pelo "fato de as instalações do EAS não estarem inteiramente prontas, além da escassez de mão de obra no Brasil. A obra teve de avançar à medida em que a mão de obra era treinada ou selecionada. Isso impactou no cronograma inicial. Porém, a obra ganhou velocidade e evoluiu dentro do previsto após a conclusão do estaleiro, em meados de 2010. A partir daí, pudemos contar com toda a nossa capacidade produtiva", dizem as aspas creditadas ao presidente do EAS, Agostinho Serafim Júnior, que nunca falou diretamente com a imprensa desde que assumiu o cargo em março deste ano.
O EAS destaca que o casco da P-55 é o maior para plataforma semissubmersível (FPU) já construído no Brasil. Pesa 25 mil toneladas, tem 44 metros de altura e uma base de 94 por 94 metros. A empresa lembra que o contrato, inicialmente orçado em US$ 380 milhões, marcou a estreia do empreendimento na indústria offshore e que a entrega "consolida em definitivo a presença da empresa no setor".
Segundo o estaleiro, todas as etapas da construção do casco, incluindo os procedimentos de soldagem, foram executadas e aprovadas no EAS, atendendo às normas e especificações da indústria offshore e da sociedade classificadora internacional responsável pela certificação do projeto, a Bureau Veritas, entidade sediada na Bélgica e com 200 anos de credibilidade.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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