A licitação internacional aberta pela Petrobras para contratar serviços de afretamento de 21 sondas de perfuração marítima a serem construídas no Brasil tende a tornar-se alvo de um embate entre os dois concorrentes envolvidos no certame: a Sete Brasil, empresa da qual a Petrobras é sócia junto com bancos e fundos de pensão, e a operadora Ocean Rig do Brasil. A Sete BR entrou com recurso na Petrobras pedindo que a Ocean Rig seja desclassificada. Mas a Ocean Rig deve entrar até segunda-feira com pedido de impugnação do recurso apresentado pela Sete BR, segundo apurou o Valor.
No início do mês, a Ocean Rig apresentou as melhores propostas para construir e afretar cinco das 21 sondas à Petrobras. Na ocasião, a Ocean Rig ofereceu as taxas de afretamento mais baixas na concorrência, na faixa de US$ 584 mil por unidade por dia. Na sexta-feira, a Sete BR entrou com recurso junto à comissão de licitação da Petrobras pedindo que a Ocean Rig fosse desclassificada. E que a Sete fosse declarada ganhadora do certame.
Na licitação, a Sete BR apresentou duas propostas em parceria com vários operadores de plataformas: uma para construir 15 navios-sonda e outra para fazer seis unidades do tipo semi-submersível. As operadoras associadas à Sete BR são Queiroz Galvão Óleo e Gás, Odebrecht Óleo e Gás, Etesco / OAS, Petroserv, Odjfells e Seadrill. A Ocean Rig entrou na licitação de forma independente da Sete BR, o que surpreendeu parte do mercado.
O Valor apurou que o recurso da Sete BR se apoia em um tripé. A empresa questionou a ausência de CNPJ da Ocean Rig quando do envio, pela Petrobras, da carta-convite para as empresas participarem da concorrência, em 3 de junho (a inscrição cadastral da empresa é de 7 de junho). Também foram levantadas dúvidas em relação ao funcionamento do sistema de perfuração apresentado pela Ocean Rig, baseado em uma nova tecnologia chamada "dual drilling", que aumenta a velocidade de operação da sonda.
Esse projeto, desenvolvido pela empresa Huisman, tornou a proposta da Ocean Rig mais competitiva, segundo disseram fontes do setor. Por fim, a Sete BR discute no recurso a capacidade econômica da Ocean Rig de levar adiante o projeto de construção das cinco sondas em estaleiros nacionais. Quando da divulgação das propostas, no início do mês, noticiou-se que a Ocean Rig tem acordo com os estaleiros do grupo Synergy (Eisa e Mauá, no Rio) para construir as sondas.
A reportagem procurou ontem a Sete BR para falar sobre o recurso apresentado pela empresa à Petrobras, mas não obteve retorno. O jornal também tentou contato com a Ocean Rig, mas não foi possível localizar seus representantes. Procurada, a Petrobras disse que não comenta licitações em andamento.
Fontes que acompanham a licitação disseram que a Ocean Rig deve tentar impugnar o pedido de reconsideração da licitação feito pela Sete BR para que seja declarada vencedora das cinco sondas. Para a fonte, somente a Petrobras pode definir a capacidade do participante em executar o serviço licitado. Nesse sentido caberia à própria Petrobras solicitar esclarecimentos à Ocean Rig, se considerar necessário. Uma fonte da indústria naval afirmou que a própria Sete BR foi criada há pouco tempo.
Segundo a fonte, as condições apresentadas pela Ocean Rig atenderiam as exigências feitas no convite da Petrobras. E disse que a estatal utiliza critérios próprios e aqueles previstos no convite para averiguar a capacidade financeira do licitante. De acordo com um executivo do setor, no recurso apresentado à Petrobras a Sete BR alegou que a controladora da Ocean Rig, a empresa de navegação grega Dryship, enfrentaria supostas dificuldades financeiras, em especial depois do agravamento da crise econômica na Grécia.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio
PUBLICIDADE