O presidente da Shell no Brasil, André Araujo, afirmou nesta quinta-feira (7) que a companhia olha “com carinho” para a 5ª Rodada do Pré-sal, prevista para 28 de setembro. Segundo ele, a recente crise dos combustíveis não afetou o interesse dos investidores com relação ao leilão de hoje.
“Nosso time é sempre animado com as rodadas. Vamos olhar com carinho, como temos feito sempre”, disse Araujo, após o leilão. “Investimos e 'bidamos' bem hoje”, completou ele.
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A Shell ofereceu propostas por três áreas e arrematou uma. A companhia ganhou o ativo Três Marias, na Bacia de Santos, com 40% de participação em consórcio com Petrobras (operadora, com 30%) e Chevron (30%). Araujo disse que ainda é cedo para falar sobre previsão de início de produção em Três Marias.
Para a Shell, o leilão consolidou a posição do Brasil como um dos principais destinos de investimento da empresa em águas profundas. O resultado do certame ampliou o portfólio “em uma das regiões petrolíferas mais atraentes do mundo”, disse Araújo.
O consórcio formado por Shell, Petrobras e Chevron pagará R$ 100 milhões em bônus de assinatura do contrato na modalidade de partilha de produção no bloco de Três Marias, na Bacia de Santos.
“Os planos exploratórios detalhados para o bloco adquirido hoje ainda serão definidos pela Shell e seus parceiros”, disse Araújo. Segundo ele, a aquisição do bloco Três Marias, hoje, “ajudará a construir um portfólio de classe mundial em uma das áreas prioritárias para o crescimento da Shell”.
De 2 para 25
Por sua vez, a presidente da ExxonMobil, Carla Lacerda, disse que sai contente da 4ª Rodada de Partilha de Produção do pré-sal. "O leilão reforça a nossa parceria de longo prazo com a Petrobras", afirmou a executiva. "Em poucos meses saímos de dois blocos no Brasil para 25", completou, em referência à participação da companhia nos leilões desde o ano passado.
O consórcio formado por Petrogal, Equinor (ex-Statoil) e Exxon apresentou a melhor oferta pela área de Uirapuru, no pré-sal, o ativo mais caro do leilão, com bônus de R$ 2,65 bilhões. O excedente em óleo ofertado foi de 75,49%, ante os 72,45% apresentados pela Petrobras (45%), em parceria com a Total (20%) e BP (35%). O ativo fica na Bacia de Santos.
A Petrobras acompanhou a proposta e assumiu a liderança do consórcio vencedor. A estatal assumirá 30% da sociedade, com Petrogal (14%), Equinor (28%) e Exxon (28%).
A Exxon pretende adquirir dados de cobertura sísmica para mais de 19.424 quilômetros quadrados para avaliar blocos no norte da Bacia de Campos. A empresa informou que também estão em andamento os planos para desenvolvimento do campo de Carcará, na Bacia de Santos, cujas estimativas de reservas recuperáveis somam 2 bilhões de barris de petróleo. A área é operada pela Equinor, ex-Statoil, e a perfuração começou em abril.
Sobre o bloco Uirapuru, a empresa afirmou, em comunicado atribuído a Steve Greenlee, presidente da ExxonMobil Exploration, que se trata de um ativo "de altíssimo valor" que representa uma oportunidade única para a companhia.
“O Brasil continua sendo um investimento chave para a ExxonMobil e esperamos com interesse explorar e desenvolver estes recursos de primeira linha com nossos parceiros e com o governo”, disse o executivo na nota.
Com o resultado do leilão de hoje, a Exxon passou a ter participação em 25 blocos no Brasil, todos marítimos. A empresa informou que tem 1,3 mil colaboradores em suas operações de químicos, exploração e produção e serviços de apoio.
Eleição
Após o fim do leilão, o presidente da Equinor no Brasil, Anders Opedal, afirmou que a companhia está preparada para trabalhar com qualquer candidato que vença a eleição presidencial em outubro. O executivo ressaltou que o país é uma democracia e que a companhia tem planos de longo prazo no Brasil.
Opedal, assim como o executivo da Shell, também disse que não houve conexões entre a crise dos combustíveis o leilão de hoje. A Equinor arrematou duas áreas: Dois Irmãos, na Bacia de Campos, em parceria com Petrobras e BP, e Uirapuru, junto com Petrobras, Petrogal e ExxonMobil.
Segundo o executivo, a estratégia da companhia foi olhar ativos próximos de Carcará, promissora área onde a Equinor é operadora.
Concorrência
Para o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, o resultado foi “extremamente exitoso”. Ele citou a concorrência pela área de Uirapuru, que recebeu propostas de quatro consórcios diferentes.
Oddone também destacou que a intenção da ANP é que a concorrência que vem sendo verificada nos leilões de áreas de exploração seja replicada também nos demais elos da cadeia de óleo e gás. “Competição é o que traz resultado, que baixa preço e beneficia consumidor. Esperamos ver essa mesma competição nos demais segmentos do setor”, disse, após realização do leilão.
Fonte: Valor