Até dezembro, um nova empresa poderá assumir a participação de Eike Batista na Six, a primeira fábrica de semicondutores do país, que está em construção em Ribeirão das Neves (MG). É essa a expectativa do sócios que permanecem empreendimento.
O Valor apurou que há conversas em andamento com pelo menos dois grupos, um de capital nacional e outro, estrangeiro.
O total de investimentos planejados para a Six é de R$ 1,084 bilhão; e a fatia de Eike no negócio é de 33,2%. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem participação semelhante. O BNDES e outros sócios menores estariam buscando um novo parceiro para comprar a cota de Eike.
Um dos participantes do projeto, que prefere não ser identificado, disse ao Valor que a gestora de recursos Quest Investimentos, de Luis Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, também tem trabalhado para trazer um novo sócio para a Six.
A Quest informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria o assunto. A EBX, também por meio de sua assessoria, preferiu não se pronunciar a respeito.
A expectativa dos sócios, de acordo com uma das fontes ouvidas pelo Valor, é que um novo estatuto societário esteja definido em dezembro.
Além da EBX e do BNDES, a Six tem como acionistas a IBM, com 18,08%, e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), com 7,2%. Outras duas empresas privadas, Matec e WS-Intecs, têm, juntas, uma fatia de 8,6%.
Pelo cronograma, dezembro seria o mês em que o projeto teria de receber um novo aporte de capital. Até agora, a EBX integralizou R$ 60 milhões, de um aporte programado de R$ 246 milhões. Do total de R$ 1,084 bilhão de investimentos, R$ 616 milhões serão de equity e R$ 468 milhões de dívida. Aproximadamente 20% da dívida já foi liberada, de acordo com dado obtido pela reportagem.
Em julho, a EBX informou que a construção da fábrica da Six seguia dentro do cronograma e que as obras civis e a infraestrutura ficariam prontas no fim dezembro. Em 2014, pela programação, seria feita a instalação de equipamentos e a qualificação de processos de fabricação de semicondutores. A previsão era então que operação comercial começasse em 2015. Mas, em setembro, o trabalho estava em desaceleração. "Reduzimos um pouquinho a velocidade de implantação, disse ao Valor na época, Julio Ramundo, diretor do BNDES".
Da futura fábrica de Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, sairão chips que, conforme detalhou o BNDES no fim do ano passado, terão entre os potenciais clientes os setores de medicina (para sensores que medem sinais vitais, por exemplo) e de cartões inteligentes. Um uso possível seria na elaboração de documentos, como o novo passaporte brasileiro e uma identidade com chip embarcado, que o governo planeja emitir no futuro. A indústria automotiva e o setor de comunicações em geral também seriam clientes em potencial.
Mas esses primeiros semicondutores brasileiros serão, de acordo com os planos citados pelo banco, para usos específicos, e não de produção em escala, como os feitos, por exemplo, por grandes grupos multinacionais para a indústria de celulares.
Fonte: Valor Econômico/Marcos de Moura e Souza | De Belo Horizonte
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