Cercada de grande expectativa após quatro anos sem ser realizada, a Navalshore - Feira e Conferência da Indústria Marítima, em sua 16ª edição, retomou com força total ao reunir mais de sete mil visitantes. O evento foi palco do reencontro de parceiros, lançamento de produtos e serviços e realização de negócios nos dias 16 a 18 de agosto, no Expo Mag, no Rio de Janeiro.
Estreante na Navalshore, a ICM Metais comemorou um contrato de vendas para fornecimento de anodos (peças de proteção catódita contra corrosão) na ordem de R$ 500 mil. “O empresário que comprou os anodos costumava importá-los, mas quando viu em nosso estande na feira quis fechar negócio, principalmente por conta da qualidade dos nossos produtos e por ser de fabricação nacional”, contou Luís Felipe Freire, engenheiro de produção da companhia.
PUBLICIDADE
Fornecedora de soluções em proteção catódica com amplo leque de atuação no ramo, desde o dimensionamento, fabricação, inspeção à instalação, a empresa com sede no município de Serra, Espírito Santo, fabrica equipamentos offshore e navais, tendo uma atuação nacional em caldeiraria pesada e usinagens de médio e grande porte.
Para Freire, a Navalshore abriu novos horizontes: “Nós já tínhamos clientes do setor de óleo e gás, mas encontrávamos certa dificuldade para entrar no mercado naval. E a feira foi o pontapé inicial que precisávamos para sermos vistos, pois fizemos bastante networking para futuros negócios”.
A ICM Metais também expôs o equipamento “Anti-Fouling System” (um sistema de proteção anti-incrustante), que será entregue para a Marinha do Brasil, para ser instalado em quatro fragatas da Classe Tamandaré. “Fechamos o contrato no ano passado e o primeiro, de quatro equipamentos, será entregue em setembro, finalizando esse total até 2025”, contou o engenheiro de produção.
Diretor de Novos Negócios da Macnor Marine, Pedro Guimarães disse que a Navalshore sempre foi a “queridinha” dos fornecedores exclusivos e clientes da sua empresa. “Participamos como expositores desde a primeira edição e, em todas elas, comprovamos a importância do evento para a indústria, não só para desenvolver novos negócios, mas como importante ponto de encontro entre clientes, fornecedores, parceiros e amigos. Esses encontros, automaticamente, retomam ou geram negócios de curto, médio e longo prazo”, comentou ele, ressaltando ter ficado surpreso com o número de visitantes que passou pela feira.
Coordenadora de marketing da Jotun Brasil, Amanda Santos ressaltou ter sido bastante positivo reencontrar pessoas do setor, antigos clientes e conhecer outros tantos, que se tornaram parceiros durante a pandemia, mas o contato era feito virtualmente.
Durante a 16ª edição da Navalshore, alguns acordos e contratos foram assinados como o memorando de entendimento entre a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) e a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron). A parceria tem como objetivo agregar os projetos gerenciados pela Emgepron destinados aos programas da Marinha do Brasil à capacidade e expertise da Nuclep na construção de equipamentos estratégicos de defesa.
O diretor técnico-comercial da Emgrepron, vice-almirante Flávio Macedo Brasil, anunciou, durante o ciclo de palestras realizado na feira, que devem ser construídos 12 navios patrulha de 500 toneladas até 2036, com um custo estimado de US$ 35 milhões cada um, devendo alcançar 50% de nacionalização, superando o programa Fragata Tamandaré e o NApAnt.
O CEO da SPE Águas Azuis, Fernando Queiroz, destacou que a feira foi uma ótima oportunidade para reforçar a importância do programa de construção das fragatas Classe Tamandaré para a Marinha do Brasil. “A obtenção das fragatas integra os esforços da Marinha para modernizar sua Força Naval, permitindo assim a renovação da esquadra brasileira. Os navios estão sendo construídos a partir de uma plataforma tecnológica inédita no Brasil e o projeto prevê uma forte transferência de tecnologia, que garantirá a manutenção da frota durante todo o ciclo de vida das embarcações e contribuirá para o fortalecimento do cluster de defesa naval nacional”, disse o executivo em nota.
O Atlântico Sul Heavy Industry Solutions (EAS) assinou um novo contrato para docagem de classe de navio com a Companhia de Navegação Norsul, marcando uma segunda parceria entre essas empresas. O EAS pretende se reposicionar no mercado, apostando na indústria offshore de petróleo e de produção de energia eólica.
“Acreditamos em uma retomada paulatina da indústria naval, dentro de um novo contexto, mais voltado para a indústria offshore e para as energias renováveis. Antecipando este momento, decidimos ampliar as atividades com foco nesse mercado”, informou Nicole Terpins, CEO da companhia.
Também presente, o Estaleiro Mauá anunciou durante a feira seu mais novo contrato com a multinacional TechnipFMC, fornecedora líder de tecnologia para o setor de energias novas e tradicionais, entrega de projetos, produtos e serviços totalmente integrados. A empresa de origem francesa está utilizando a Plataforma Portuária Industrial Estaleiro Mauá, situada em Niterói (RJ), para uma grande operação de montagem e testes de um sofisticado sistema manifold.
Todo o projeto está sendo desenvolvido pela companhia estrangeira nas instalações do estaleiro Mauá, que fornece os serviços de base de apoio industrial e logístico para operações offshore. Segundo Fernando Castilho, gerente de projetos da TechnipFMC, a multinacional pretende realizar simulações – em terras – das operações que ocorrem no fundo do mar. O intuito é fazer a montagem e o teste na parte mecânica e de controle, de forma a garantir que todas as interfaces estejam integradas e em funcionamento, antes de operarem no oceano.
Com forte atuação no segmento de soluções para a indústria nacional na construção de diversos equipamentos – como caldeira, usinagem, jateamento e pintura –, a Usinando aproveitou a Navalshore 2022 para anunciar seu novo projeto de construção de duas novas fábricas no Rio de Janeiro, como parte de seu projeto de expansão no mercado nacional.
Estreante na Navashore, o grupo baiano Belov destaca que a feira foi um sucesso. “Foi muito satisfatório ver a Belov participando de um evento como a Navalshore, principalmente por ver a indústria de construção naval e seus investidores ganhando força e confiança, após um momento pandêmico que desestabilizou o mercado”, disse o diretor Iago Belov, em nota.
Paralelamente à feira, a conferência oficial, realizadas nos dois primeiros dias do evento, teve grande público nos quatro painéis: "Cenários da indústria naval e offshore", "Programas de renovação e ampliação dos meios navais da Marinha do Brasil", "Eólicas offshore - perspectivas e oportunidades para a indústria naval" e "Descarbonização na indústria marítima". As palestras estão disponíveis em pdf no site navalshore.com.br.
Além da conferência, a Navalshore promoveu ainda um ciclo de palestras, com a apresentação de 18 empresas e instituições.
A Navalshore é realizada pela Portos e Navios e já tem data para a 17ª edição: 22 a 24 de agosto de 2023 no Expo Mag. Mais informações pelo email navalshore@navalshore.com.br