A Tractebel recorreu à Justiça para fazer com que a Petrobras volte a fornecer gás natural para a termelétrica de William Arjona, localizada em Campo Grande (MS). A petrolífera interrompeu o abastecimento de combustível em março para a usina, que possui uma capacidade instalada de 190 MW.
Em teleconferência com analistas de investimento, o diretor financeiro da Tractebel, Eduardo Sattamini, afirmou ontem que a Petrobras obteve uma liminar para suspender o abastecimento de gás, mas ele ainda espera vencer a disputa nos tribunais. O juiz deve divulgar uma setença no dia 5 de novembro. Se a Tractebel vencer, a petrolífera terá de restabelecer o fornecimento.
Devido à falta de combustível, a Tractebel optou por retirar a térmica de William Arjona do seu lastro (volume que a companhia garante produzir de energia elétrica) na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). De acordo com Sattamini, a empresa preferiu adotar um procedimento mais "conservador".
Construída em 1999, a usina de William Arjona foi a primeira térmica a gás natural construída no país. A Petrobras já havia interrompido o abastecimento de combustível para a termelétrica entre 2007 e 2009.
A Tractebel também retirou do seu lastro a térmica de Alegrete, no Rio Grande Sul, movida a óleo combustível. Segundo a empresa, a saída das duas usinas do seu portfólio reduz em 157 MW médios a capacidade comercial da companhia a partir de 2014.
A empresa possui outras duas térmicas, ambas movidas a carvão: o complexo termoelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina, de 857 MW de capacidade instalada, e a térmica de Charqueadas, no Rio Grande do Sul, de 72 MW. As duas produziram energia no terceiro trimestre.
Apesar de ter retirado duas usinas do seu portfólio, a Tractebel informou que pôde conectar os seus parque eólicos no Ceará à rede elétrica nacional. Com a construção das subestações, as máquinas foram sincronizadas ontem, às 10 horas da manhã, disse Sattamini. Segundo a empresa, a montagem dos aerogeradores dos parques de Trairi e Guajiru foi concluída, e a previsão é que todo o complexo eólico entre em operação comercial até o final de 2013. Os parques possuem uma capacidade instalada de 115 MW.
A falta de linhas de transmissão preocupa os investidores. A gerente de relações com investidores da GDF Suez, multinacional francesa que controla a Tractebel, Anamélia Medeiros, afirmou que as linhas de transmissão que vão escoar a energia produzida pela hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, devem entrar em operação em meados de novembro.
O plano inicial era que a Tractebel comprasse a participação da matriz francesa em Jirau. Mas, com os sucessivos problemas enfrentados pelo empreendimento, essa aquisição não deve ocorrer em 2014, afirmou o presidente da Tractebel, Manoel Zaroni.
Jirau custará bem mais do que o previsto devido aos atrasos nas licenças ambientais e aos protestos dos trabalhadores, que depredaram suas instalações.
Fonte: Valor Econômico/Claudia Facchini | De São Paulo
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