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Turbulência no petróleo deve persistir

As grandes oscilações nos preços do petróleo prosseguirão nos próximos meses, depois que a volatilidade atingiu o maior nível em dois anos nas últimas duas semanas, com os negócios cada vez mais dominados por investidores relativamente novos nesse mercado.

O petróleo e outros mercados de commodities vêm num passeio de montanha-russa desde 5 de maio, reagindo freneticamente aos dados econômicos, cambiais e de estoques. "Isso persistirá até o fim do ano e haverá mais oscilações violentas nas duas direções", diz Angelos Damaskos, presidente-executivo da Sector Investment Managers, que gerencia os fundos Junior Oils Trust e Junior Gold Trust. "Será o quarto trimestre antes de termos mais estabilidade."

A volatilidade das duas maiores referências mundiais em petróleo bruto, o Brent do Mar do Norte e o petróleo leve americano conhecido como West Texas Intermediate, ou WTI, disparou para bem mais de 60% após dois anos de movimentações de queda nos preços.

Gestores de fundos e analistas afirmam que a maior volatilidade reflete os maiores níveis de investimento no varejo e as especulações nos mercados de commodities, uma vez que os produtos negociados em bolsas de valores proporcionam um acesso fácil para os investidores com pouca experiência.

"Estamos vendo muitos investidores em commodities menos habilidosos entrando no mercado e embarcando numa tendência", afirma um gestor de fundos hedge de commodities que opera em Londres e pede para não ter seu nome citado. "Quando houver um pequeno evento que desencadeará uma correção, ou eles vão interpretar mal esse evento ou a tendência mudará temporariamente. Então haverá uma certa queda e eles rapidamente sairão vendendo."

Michael Korn, presidente da corretora Skokie Energya,de Princeton, Nova Jersey, que realiza negócios no mercado de balcão, diz que a volatilidade está sendo encorajada por somas muito grandes de dinheiro que estão sendo empregadas por gestores de fundos e investidores não profissionais. "Os fundos mais eficientes estão crescendo", afirma Korn.

Carl Larry, diretor de negócios com derivativos e análises da corretora Blue Ocean Brokerage, explica que há somas enormes de dinheiro se movimentando muito rapidamente, parte delas sendo investidas por pessoas com pouca experiência em commodities, e que isso está levando os operadores das empresas do setor a ficarem de fora do mercado durante os períodos de oscilações muito rápidas dos preços.

"Os operadores do setor definitivamente ficarão de fora do mercado enquanto a volatilidade não diminuir", acrescenta Larry. "Estamos perdendo qualquer participação dos operadores comerciais, que tentam evitar ser pegos nessas movimentações muito prolongadas", diz ele. "Quando você tira essa diferença de parada do mercado, tudo o que sobra é um monte de fundos ditando a direção."

A maior volatilidade dos contratos futuros também está mantendo os investidores tradicionais, como os operadores do setor, de fora do mercado, tornando difícil para eles fazer o hedge (proteção) de suas necessidades de oferta e demanda.

Há duas semanas, o sentimento dos investidores mudou por causa de dúvidas em relação ao crescimento da economia mundial, depois que a China aumentou suas taxas de juros. Isso aconteceu depois de vários meses de preocupações com a queda do fornecimento de petróleo do Oriente Médio e norte da África, depois que a guerra civil na Líbia suspendeu as exportações.

O preço do petróleo bruto caiu mais de US$ 20 por barril, enquanto o Brent do Mar do Norte recuou para quase US$ 105, para uma posterior recuperação parcial. Mas os preços continuaram caindo na semana passada, com movimentações diárias nos preços de até 8,5%.

As exigências de margens maiores para o petróleo e a prata na bolsa de futuros CME, de Chicago, também vêm forçando os especuladores a ajustarem suas posições, contribuindo para as sacudidas do mercado. Gestores de fundos também apontam o dedo para as operações eletrônicas automatizadas, que desencadeiam ordens de zeragem, ou "stop-loss", quando níveis técnicos são rompidos.

Nigol Koulajian, diretor de investimentos da consultoria de negócios com commodities Quest Partners, diz que as reversões do mercado estão ficando mais rápidas nos setores de petróleo e grãos, no que é um subproduto do excesso de investidores negociando pelo mesmo tipo de estratégia.

"Quando o mercado está em alta, você tem uma espiral de retorno positiva, de modo que o preço é reforçado na medida em que as pessoas aumentam suas posições. Mas quando há uma correção no mercado, todo mundo corre para a porta de saída ao mesmo tempo", explica ele. Koulajian acrescenta que isso está muito mais forte do que costumava ser, uma vez que há mais investidores negociando com base em aspectos técnicos.

Os investidores não veem razão para o não prosseguimento da volatilidade extraordinária, pois está havendo uma combinação das preocupações com o fim do afrouxamento monetário nos EUA, a crise da dívida da zona do euro e a inflação. Segundo Koulajian, o afrouxamento quantitativo encorajou os investidores a comprar commodities para preservar suas economias.

"A liquidez dos mercados de commodities é diminuta em comparação à dos mercados financeiros", afirma Koulajian. Mesmo uma pequena mudança de ativos do mercado financeiro para o de commodities resulta em oscilações substanciais nos preços das commodities, explica ele. "Estamos apenas nos estágios iniciais dessa mudança e esperamos muito mais volatilidade e aumentos de preços pela frente", diz o executivo.

Fonte: Valor Econômico/Claire Milhench e Christopher Johnson | Reuters, de Londres






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