O crescimento do comércio exterior brasileiro vai ser moderado em 2018, apesar da recuperação econômica do país e do impacto positivo da Copa do Mundo da Rússia, que impulsiona a atividade desde o quatro trimestre de 2017. A análise foi divulgada, nesta segunda-feira (12), no relatório da Maersk relativo ao primeiro trimestre, que identificou uma corrida para reposição de estoques no varejo no ano passado que não deve se repetir em 2018. O relatório também aponta sinais consistentes de recuperação da indústria automobilística. A Maersk espera que o comércio do Brasil cresça 3,4% neste ano, com aumento de 4,6% nas importações e 1,3% nas exportações. O grupo observa que todas as regiões do país estão crescendo tanto em exportação quanto em importação, mas ressalta não ser possível afirmar que essa expansão se sustentará no longo prazo.
O diretor comercial da Maersk Line para a costa leste da América do Sul, Nestor Amador, classifica como positivo o quatro trimestre de 2017, tanto para importação quanto para exportação. "Nossos clientes estavam certos quando, no segundo semestre do ano passado, começaram a falar com a indústria e conosco (como armador) que deveríamos estar prontos para um aumento da demanda de importação ligado à Copa do Mundo. Efetivamente foi o que vimos. Eles ainda estão otimistas com esses dados", comentou.
De acordo com o relatório da Maersk, o comércio exterior manteve crescimento de dois dígitos no quarto trimestre de 2017, ainda refletindo uma base de comparação baixa. No período houve crescimento de 13,1% nas exportações e importações, totalizando 8,9% de crescimento no ano em comparação com 2016. Considerando apenas as exportações, o crescimento trimestral foi de 10,2%. Já as importações, sob o efeito da Copa do Mundo, aumentaram 16,9% no período — influenciados pela demanda por bens principalmente dos segmentos de eletrônicos, plástico, borracha, químicos, têxtil e couro. No ano, o crescimento das exportações foi de 4% e das importações, 15,5%.
O diretor de trade e marketing da Maersk Line para a costa leste da América do Sul, João Momesso, afirmou que a empresa está mais otimista do que no início do ano passado, porém ressaltou que ano eleitoral é sempre repleto de incertezas. "Além disso, a grande corrida para repor estoques após a crise já foi em 2017, o que não deve acontecer novamente em 2018”, acrescentou Momesso.
A empresa de navegação considera como desafios o aumento do preço do bunker e a logística para trazer contêineres da Ásia par atender o mercado sul-americano sem impactar sua precificação e, consequentemente, sem prejudicar seus lucros. "Do mesmo jeito que importações estão crescendo, isso traz desafio para fluxo de contêineres que precisamos ter aqui para suprir os exportadores", disse Amador.
A Maersk destaca que, enquanto as cargas secas tiveram crescimento de 10,5% em comparação com o mesmo período de 2016, as refrigeradas registraram alta de 8,3% na mesma base de comparação. Algodão, madeira e carne impulsionaram as exportações no período, com altas de 62%, 25% e 50%, respectivamente. A soja obteve alta de 157% por conta da maior demanda proveniente de Bangladesh e Holanda. O algodão, uma das surpresas positivas, ainda deve ter crescimento importante na safra 2018/2019.
"Quando vemos proteína, frutas no Nordeste e commodities, ficamos otimistas. Vai ser um ano ainda com muita pressão por espaço. Por isso, acreditamos que um dos fatores que o mercado precisa é ter um planejamento e a cadeia de suprimento bem coordenada para termos certezas de que não teremos gargalos no segundo semestre quando começar a alta temporada de vários produtos", analisou Amador.
Por Danilo Oliveira
(Da Redação)
PUBLICIDADE