A navegação de cabotagem brasileira criticou duramente ontem a possibilidade de o setor ser usado como moeda de troca no acordo comercial em negociação entre Mercosul e União Europeia (UE).
"Vai ser a morte, o fim da cabotagem regional", disse Bruno Lima Rocha, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma). As empresas do setor receberam, na véspera do feriado de 7 de setembro, a informação de que, caso seja preciso, a abertura do serviço de transporte marítimo regional (entre Brasil e Argentina) poderia ser oferecido aos europeus como forma de facilitar o acordo geral. Negociadores do Mercosul e da UE se reúnem entre hoje e sexta-feira em Montevidéu (Uruguai) para discutir o acordo entre os dois blocos.
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Para o Syndarma, um acordo de transporte marítimo do Mercosul com a UE permitirá a entrada no Brasil de empresas europeias de navegação sem investimento no país. Há ainda receio de que as europeias possam praticar "dumping" (preços abaixo do mercado). Hoje, Brasil e Argentina têm acordo bilateral de transporte marítimo e nesse tráfego só podem operar empresas dos dois países. Se uma europeia quiser ingressar na rota, tem de comprar serviço de empresa brasileira ou argentina. Diversos países, como os EUA, protegem sua bandeira na navegação.
Na visão do sindicato, o acordo com a UE é interessante apenas para o setor de navegação europeu. A cláusula de reciprocidade, presente nesse tipo de acordo, é "inócua" pois o Brasil não tem frota de longo curso para competir com as empresas europeias, diz o Syndarma.
Fonte: Valor