O número de navios esperando para entrar no Canal de Suez está aumentando à medida que a hidrovia permanece bloqueada. Dados compilados pela Bloomberg indicam que há pelo menos 429 navios, em comparação com cerca de cem no início do bloqueio há seis dias. Os trabalhos para tentar desencalhar o navio porta-contâineres Ever Given prosseguem. Prejuízos chegam a USR$ 400 milhões por hora.
O agravante é que há ao menos 14 embarcações transportando carga viva, com milhares de animais, embora os chamados graneleiros, que levam commodities, como grãos e minério de ferro, sejam a maior parte dos navios presos no canal.
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Sete navios carregados com 92 mil animais que deveriam chegar a Aqaba, no Líbano, no dia 21 deste mês, estão encalhados.
Um carregamento de 130 mil ovelhas, em 11 navios que partiram da Romênia, está parado em Suez. “A situação é crítica e poderia se converter em uma tragédia marítima sem precedente com animais vivos”, alerta a organização Animals International.
O Egito enviou forragem e três equipes de veterinários para examinarem os animais. E a Jordânia disse que espera tanto ovelhas quanto bezerros, entre outras mercadorias bloqueadas em Suez.
Os rebocadores conseguiram deslocar o Ever Given cerca de 29 metros no sábado, e as dragas liberaram suas hélices da lama do canal. O chefe da Autoridade do Canal de Suez se recusou a definir um cronograma para o novo flutuante do navio e disse que a tarefa continua "difícil".
Sem um comunicado, a Autoridade do Canal de Suez disse em um comunicado que até agora deslocou 27.000 metros cúbicos de areia ao redor do navio para atingir uma profundidade de 18 metros.
Cerca de 12% do comércio global transita pelo canal e cerca de 1 milhão de barris por dia de petróleo. As autoridades do canal calculam que o Egito perde entre US$ 12 milhões e US$ 14 milhões por dia com o fechamento, enquanto que a revista Lloyd's List estima que o engarrafamento de navios na região já cause prejuízos da ordem de US$ 9,6 bilhões (mais de R$ 53 bilhões) — o equivalente a US$ 400 milhões por hora —, em mercadorias por dia.
O problema de navios bloqueados que carregam petróleo afeta principalmente a Síria. Devastado pela guerra e submetido a sanções internacionais, o país sofre com atraso de carregamentos de produtos de petróleo procedentes do aliado Irã. Damasco, que já enfrentava escassez, anunciou novos racionamentos no sábado.
O bloqueio de rotas pelo navio encalhado pode causar, inclusive, escassez de café instantâneo e afetar a oferta de papel higiênico.
O fechamento temporário do canal pode afetar de 10% a 15% da movimentação mundial de contêineres, estimou o Serviço de Investidores da Moody's no início desta semana. Em circunstâncias normais, os atrasos temporários nas cadeias de abastecimento globais não seriam um “grande problema”, disse o relatório.
No entanto, uma escassez global na capacidade de contêineres e baixa confiabilidade do serviço tornou as cadeias de abastecimento altamente vulneráveis a choques externos, apesar da alta demanda do consumidor, disseram seus analistas.
Há ainda um outro complicador. De acordo com a Lloyd’s List, 90% das cargas marítimas não estão seguradas em caso de atraso.
Vários gigantes do transporte marítimo, como o dinamarquês Maersk e o francês CMA CGM, desviaram alguns de seus navios via Cabo da Boa Esperança, em uma viagem de 9 mil quilômetros contornando o continente africano e sete dias adicionais.
Segundo a Maersk, seriam necessários entre “três e seis dias” para que todos os barcos que estavam bloqueados no sábado atravessassem o canal.
Antes que termine este fim de semana, 32 navos do líder mundial de transporte mrítimo e de seus sócios serão impactados, 15 vão passar por outra rota, número que pode aumentar se o desencalhe do Ever Given demorar, declarou a companhia.
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“O momento desse evento não poderia ter sido pior”, escreveram analistas, incluindo Daniel Harlid, em um relatório de 25 de março.
Categorias com maior número de navios em espera
Graneleiros: 82
Navios de contêiner: 72
Navios de Carga Geral: 35
Navios-tanques de produtos químicos: 32
Petroleiros (petróleo bruto): 27
Transportadora de veículos: 17
Transportadores de gado (carga viva): ao menos 14
Navios para transporte de gás liquefeito de petróleo: 11
Navio metaneiro, para transporte de Gás Natural: 8
Total: 429
Fonte: O Globo