Estudantes e professores do curso tecnólogo de construção naval da Faculdade Metropolitana, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, vão participar de um rali de barcos elétricos movidos a energia solar na orla de Búzios, no Rio de Janeiro. O Desafio Solar Brasil 2014 foi realizado ontem, quarta-feira (12) e segue até o domingo (16) e reúne 300 estudantes, distribuídos em 23 equipes de oito estados do país. É a primeira vez que um grupo de Pernambuco participa do evento, realizado desde 2008.

Os barcos que participam da competição são construídos pelos estudantes. O Desafio é uma versão brasileira do Frisian Solar Challenge, que acontece na Holanda e é considerado o principal evento europeu para embarcações solares. No Brasil, ele é promovido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O objetivo é estimular o desenvolvimento de novas tecnologias de fontes de energia limpa e renovável como combustível para a mobilidade.

A equipe de Pernambuco é formada por sete alunos de períodos diversos e três professores do curso de construção naval, um dos cinco existentes em todo o Brasil. O grupo vem desenvolvendo trabalhos no barco elétrico há dois anos, mas só teve a oportunidade de participar da competição neste ano. "No ano passado, não conseguimos ir por falta de patrocínio, pois é muito caro construir a embarcação. Mas, este ano, dividimos os custos e vamos participar", comemora a coordenadora do projeto, Lara Calado.

A construção do barco pernambucano custou em torno de R$ 18 mil. "O que custa caro é o motor e a bateria. A qualidade da bateria que vai transformar a energia solar em elétrica é o grande segredo do projeto", diz a coordenadora. Os testes com a embarcação começaram há duas semanas e ela já está pronta para ser levada ao Rio de Janeiro. A equipe está ansiosa para participar do desafio. "O pessoal está um pouco nervoso, mas, independentemente do resultado, já é uma grande vitória estar junto a pessoas de outros estados falando de engenharia naval. Dar esse passo é quebrar uma grande inércia", afirma Calado.

Marcelo Muniz, aluno do último período de construção naval, começou a se interessar pela área após participar de um clube de remo no Recife. Um dia, precisou fazer reparos no barco que usava. "Comecei, em 2010, a fabricar caiaques e barcos a remo a partir de moldes já fabricados", conta. Decidiu entrar no curso de construção naval porque queria projetar as próprias embarcações e, hoje, é um dos coordenadores do projeto. Ele também está ansioso pelo desafio e acredita que será mais um aprendizado. "Vamos entrar na competição como iniciantes, então vamos sentir como vai estar o nosso nível perto dos outros. A partir daí, vamos começar a ver o que precisa melhorar e tentar captar patrocinadores", diz.

Competição
O coordenador do projeto, Weules Correia, explica que todas as equipes têm condições iguais, pois recebem placas fotovoltaicas da mesma potência. “Quando chegam em Búzios, eles têm que usar a criatividade para um uso eficiente da energia, é isso que faz o campeão”, pontua. Cada equipe tem um espaço – como uma garagem de fórmula 1 – onde pode fazer a montagem do barco. “Os barcos têm o mesmo tamanho, cerca de 6 metros, e podem ser inovadores. Já tivemos barcos controlados por tablets, por exemplo”, lembra Correia.

Após um dia dedicado à montagem, começa a competição, com oito tipos de prova durante três dias. “Temos rali em trechos longos, curtos, corrida, ziguezague. As equipes vão acumulando pontos. No dia 16, ganha quem tiver a maior pontuação”, conta.

O Desafio Solar faz parte do projeto Cidade Inteligente Búzios. Há sete anos, a iniciativa criou uma iniciativa de pesquisa e desenvolvimento da concessionária Ampla, que estuda a integração entre as tecnologias de redes inteligentes e a sociedade. O evento terá também workshops sobre propulsão elétrica, geração de energia elétrica a partir de placas solares, engenharia elétrica, consumo consciente de energia e desenvolvimento sustentável.

Fonte: Anna Tiago Do G1 P