Um projeto liderado por tradings e entidades setoriais da região Norte contribuiu para melhorar as condições de acesso a navios de maior calado e ampliou a capacidade de carga no transporte marítimo até o porto de Vila do Conde (PA). A Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), que coordena o projeto desde 2015, investiu na instalação de uma estação meteoceanográfica nesse canal, visando o monitoramento meteorológico e oceanográfico das variações das marés, promovendo o aumento do calado nos trechos críticos à navegação no canal. A iniciativa permitiu a elevação gradativa do calado no Canal do Quiriri até o patamar atual de 13,5 metros, com testes autorizados a 13,8m.
A Amport, que representa terminais de uso privado (TUPs), estações de transbordo de cargas (ETCs) e arrendatários, investiu em torno de R$ 4,4 milhões na fase IV do projeto Quiriri, que teve início em agosto de 2016, e foi firmada entre a entidade e a Marinha do Brasil. Outros R$ 2,26 milhões haviam sido investidos nas três etapas anteriores. Na etapa atual, a associação contou com apoio das empresas Hidrovias do Brasil, Unitapajós (joint venture entre Amaggi e Bunge), Terminal de Grãos Ponta da Montanha (TGPM) e Hydro Alunorte.
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A expectativa é que o calado limite, inicialmente previsto em 14m, seja ultrapassado, obedecendo aos limites naturais a serem levantados na fase IV e com diferenças entre o calado máximo de entrada e o de saída dos navios. A estação meteoceanográfica possui três bases fundeadas no Rio Pará: Guarás, na Ilha de Marajó, Soure e Abade. As três estações de monitoramento foram instaladas em fevereiro, sendo que a de Guarás é apontada como a primeira estação meteoceanográfica deste tipo no Brasil.
Em 2010, o calado do Canal do Quiriri era limitado a 11,92m e a menor profundidade existente era de 10,5m no trecho conhecido "Cabeço do Joca", levando-se em conta a maré de Mosqueiro, distrito de Belém (PA). Com a execução das fases I e II do Projeto Quiriri, entre 2010 e 2012, em cooperação técnica entre Marinha e a Companhia Docas do Pará (CDP), verificou-se que a menor profundidade encontrava-se em 12m, permitindo a elevação do calado para 12,5m em 2013, tornando obrigatória a praticagem para navios com mais de 12,2m de calado.
No biênio 2013-2014 foi executada a fase III com a cooperação técnica entre a Marinha e as empresas Terminais Portuários Fronteira Norte (Terfron) e Alunorte, com o objetivo de aprofundar o conhecimento do regime de marés e encontrar um trajeto que "driblasse" a passagem conhecida como "Trio de boias", em frente à Ponta de Joanes. Esta passagem foi encontrada com profundidades maiores que 14m, com alguns locais com 12m mais à jusante.
A Amport informa que adquiriu os equipamentos instalados na estação. A associação ressalta que 93% da disponibilidade de navios graneleiros possuem um calado de 13,5m, o que permite que toda a carga dos terminais de transbordo de carga de suas afiliadas tenha navios saindo com a máxima capacidade permitida na otimização dos navios, além de representar economia nos fretes. Segundo a Amport, os estudos técnicos e os acordos de cooperação foram realizados diretamente pelo Centro de Hidrografia e Navegação do Norte (CHN-4), antigo Serviço de Sinalização Náutica do Norte (SSN-4), e possuem um nível técnico alto que permite evolução contínua do projeto.
A associação destaca que o aumento de calado foi conseguido de maneira sustentável, sem intervenção na natureza e com um investimento inferior ao necessário a uma dragagem, como previa, por exemplo, o estudo "Norte Competitivo", da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa). A publicação, resgata a Amport, estimava investimentos de R$ 180 milhões para chegar aos 13,8m de hoje.
Por Danilo Oliveira
(Da Redação)