No início da década de 1960, 34 municípios mineiros tiveram a economia e a paisagem modificada com a construção da Usina Hidrelétrica de Furnas. Com a criação de um dos maiores lagos artificiais do mundo, cobrindo uma superfície de 1.457,48 quilômetros quadrados, pequenos comércios e o turismo, até então pouco explorado, se tornaram opções para geração de renda e emprego. Este ano, mais uma vez, essas cidades veem de perto os primeiros passos de um projeto que promete intensificar o desenvolvimento da região. A possibilidade da implantação de uma hidrovia, que promova a integração econômica e cultural, começou a ganhar atenção do governo federal. Uma verba de R$ 300 mil foi liberada pelo Ministério dos Transportes para o estudo de viabilidade do empreendimento. O próximo passo será definir qual empresa ficará responsável por esse projeto. Para isso, está sendo estudada a possibilidade de fazer um convênio com a Universidade Federal deItajubá (UNIFEI). A expectativa é que a fase inicial seja concluída em 2016.
Em um primeiro momento, a hidrovia terá um percurso de 250 quilômetros, além de rotas alternativas, e ligará Alfenas, no Sul de Minas, a Formiga, na Região Centro-Oeste. Serão construídos portos ao longo do percurso, visando atender outras cidades do eixo, o que beneficiará cerca de 50 cidades direta e indiretamente. Para a primeira parte da obra, deverão ser gastos pelo menos R$ 10 milhões. Verba que ainda não foi liberada e poderá contar com a participação da iniciativa privada.
Entre os benefícios do empreendimento, destaca-se a redução nos custos de transporte de mercadorias. Um dos motivos seria que o consumo de combustível do sistema hidroviário pode chegar a um terço do preço médio do transporte rodoviário. Para se ter uma ideia, no transporte de mil toneladas/quilômetro úteis (TKU) são gastos 96 litros de combustível normalmente, enquanto na hidrovia esse consumo cai para 5 litros. O resultado seria mercadorias mais baratas nas prateleiras, como é o caso do café, principal produto do Sul de Minas, que chegaria aos supermercados de BH em menos tempo e com menor custo.
Para o presidente do Comitê de Bacias da Região do Lago de Furnas, Pompilio Canavez, a construção da represa na década de 1960 não apenas impulsionou o desenvolvimento e o turismo das cidades que ficam às margens da lagoa, como também trouxe um “afastamento” desses municípios, que perderam, sobretudo, a ferrovia, que na época era o principal meio de transporte das mercadorias. Ele acredita que a hidrovia trará novos caminhos para o crescimento econômico da região. “Contamos com um verdadeiro mar e precisamos navegar por ele, ligando comunidades, culturas, economias e promovendo o turismo”, diz.
Canavez acredita que a hidrovia impulsionará o potencial turístico do Circuito do Lago, como é conhecida a região dos municípios que margeiam a represa. “Nós queremos o uso múltiplo dessas águas. Um deles seria o transporte de mercadorias e pessoas, que influenciaria diretamente o turismo.”
O prefeito de Formiga, Aluísio Veloso, anfitrião do 1º Seminário Hidrovia do Lado de Furnas, realizado na semana passada, deixou claras suas expectativas do início da construção da hidrovia. “Nossas cidades eram próximas. A distância entre elas cresceu com a construção da represa. A hidrovia levará a uma reaproximação, o que vai gerar desenvolvimento econômico, cultural e social para região”, ressalta.
O prefeito de Alfenas, Luiz Antônio da Silva, compartilha do mesmo sentimento de otimismo em relação à hidrovia. “Com a obra, as rodovias estaduais e federais ficarão menos sobrecarregadas. As estradas terão menos movimento. Serão menos buracos e menos transtornos.”
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Fonte: Estado de Minas/Simone Lima