Uma nova portaria do Ministério de Minas e Energia, publicada em edição extra do "Diário Oficial da União" na noite desta sexta-feira, reduz a vazão de duas usinas hidrelétricas no rio Paraná, em uma tentativa emergencial de evitar a hipótese de racionamento de energia no segundo semestre.
A medida estabelece novas defluências mínimas (quantidade de água que é liberada do reservatório) das usinas de Jupiá e Porto Primavera. Hoje a vazão de saída de suas represas é, respectivamente, de 3.300 e 3.900 metros cúbicos por segundo. Cada metro cúbico equivale a mil litros de água.
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De acordo com a portaria, ambas as hidrelétricas devem "iniciar imediatamente a realização de testes de redução de defluência mínima praticada pela usina", até atingirem o valor de 2.300 e 2.700 m³/s, respectivamente. A partir de 1º de julho, essa vazão deverá ser alcançada "de forma estável", diz o ato do ministério.
Essa era uma das recomendações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), conforme nota técnica divulgada na semana passada, para evitar a "perda do controle hidráulico" na bacia do rio Paraná. Os reservatórios dessa bacia equivalem a 53% de toda a capacidade de armazenamento de água do sistema interligado nacional.
A medida, no entanto, traz consequências para outros setores. Com essa vazão, por exemplo, um dos efeitos é a perda de navegabilidade da hidrovia Tietê-Paraná, importante corredor logístico para o escoamento de grãos, cana e materiais de construção civil. A hidrovia poderá ser completamente paralisada no segundo semestre.
Ao mexer na vazão de Jupiá e Porto Primavera, o governo também consegue reduzir, em tese, a capacidade de água liberada pelas usinas a montante (rio acima), preservando mais água em seus reservatórios. Isso é considerado medida fundamental para impedir o esvaziamento quase total de oito reservatórios da bacia, como demonstrou a nota técnica da semana passada.
Fonte: Valor