As empresas responsáveis pelos quatro graneleiros iranianos, que estão sem combustível suficiente para deixar o Brasil, aguardam permissão das autoridades brasileiras para importar bunker e realizar o abastecimento das embarcações. Além dos navios Bavand e Termeh, fundeados em Paranaguá (PR), outros dois navios de bandeira iraniana (Ganj e The Finder) estão fundeados em Imbituba (SC) na mesma situação. Os exportadores alegam que a Petrobras se negou a fornecer o bunker porque essas embarcações constam na ‘blacklist’ de um órgão de controle nos Estados Unidos.
Uma fonte ouvida pela Portos e Navios diz que o armador iraniano Sapid Shipping, dono dos navios, já adquiriu o combustível, que virá por uma embarcação de bandeira panamenha especializada nesse tipo de operação. A proposta, porém, depende de autorização para entrada da embarcação estrangeira e o abastecimento em águas jurisdicionais brasileiras.
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Os agentes marítimos afirmam que, apesar das dezenas de tentativas de contato com órgãos de governo e também com a Presidência da República nas últimas semanas, continuam sem resposta das autoridades brasileiras. “Até o momento, não obtivemos resposta da Petrobras ou de qualquer órgão do governo sobre os navios iranianos parados aguardando abastecimento”, relata um agente que acompanha o caso.
Os quatro navios iranianos foram afretados por uma empresa brasileira e compõem uma rota mensal. O caso mais grave é do Bavand, que foi o primeiro dos quatro navios a chegar ao Brasil e que está carregado com milho. Pelo tempo, é possível que a carga esteja condenada. A avaliação é que esse impasse se tornou questão humanitária, uma vez que a tripulação, por mais que receba bebida e alimentos, está confinada nos navios. Cada embarcação tem de 20 a 30 tripulantes, em média. A manutenção desses navios gera gastos diários de US$ 15 mil, totalizando quase US$ 500 mil por mês.
Além da Petrobras e da Transpetro, os agentes envolvidos comunicaram a questão ao Itamaraty e a parlamentares. O caso também foi encaminhado à Organização das Nações Unidas (ONU). As empresas acreditam que a alternativa de importar o bunker evitaria gerar desconforto com o Irã e seus fornecedores e exportadores, com os quais o Brasil não tem embargos econômicos. “Já virou questão diplomática. As embaixadas foram notificadas”, conta uma fonte que preferiu não ser identificada.
As empresas questionam porque as autoridades brasileiras permitiram a entrada de navios em águas nacionais sem qualquer intervenção e depois essas embarcações foram impedidas de serem abastecidas pela única fornecedora local, a Petrobras. Os agentes também alegam que esses navios entraram no país, descarregaram cargas e pagaram taxas. Eles acrescentam que o atraso prejudica produtores de milho e deixa de gerar divisas para empresas brasileiras.
Procurado pela Portos e Navios, o Ministério das Relações Exteriores não havia se manifestado até o fechamento desta reportagem. A assessoria do Itamaraty informou que os questionamentos estão sendo apurados internamente pelas unidades responsáveis.
ATUALIZAÇÃO
Hoje (17), às 9h47, a reportagem recebeu o seguinte comunicado do Itamaraty: "Em relação à sua consulta, o Departamento de Comunicação Social informa que o Itamaraty atendeu à solicitação de informação no marco do processo judicial em curso, que corre sob segredo de justiça."
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