Novo combustível tem potencial de reduzir cerca de 17% das emissões de gases causadores do efeito estufa
A Petrobras iniciou o teste de desempenho do combustível marítimo com 24% em volume de conteúdo renovável – o chamado bunker com conteúdo renovável – ao abastecer navio afretado pela companhia, posicionado no Terminal do Rio Grande (RS), da Transpetro. Em uma análise preliminar, o percentual estimado de redução de emissões de gases de efeito estufa é de cerca de 17% em volume, em comparação ao bunker 100% mineral, considerando o ciclo de vida completo do produto.
PUBLICIDADE
É o segundo teste do tipo promovido pela companhia. Desta vez, no entanto, o teor de biodiesel é maior em relação ao primeiro teste, quando o percentual foi de 10% em volume. Além disso, na matéria-prima da parcela renovável foi incluído o percentual de 30% em volume de gordura animal (sebo) somados aos 70% de óleo de soja.
Segundo o diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, o avanço nos testes de bunker com conteúdo renovável representa um claro posicionamento da companhia: “Estamos investindo no desenvolvimento de produtos que geram ganhos ambientais para a sociedade. No primeiro teste, com 10% de conteúdo renovável misturado no bunker, os resultados indicaram que podíamos avançar. Agora, com 24% de biodiesel nesse combustível, demonstramos que, para a Petrobras, a transição energética está na ordem do dia”.
O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Maurício Tolmasquim, acrescenta: “Com este teste, avançamos nas opções que temos a oferecer para viabilizar a descarbonização de nossos clientes e diversificar nosso portfólio de produtos. O setor de combustíveis marítimos busca soluções no curto prazo que nós desejamos ser capazes de atender”.
Para o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos, no segmento de transporte marítimo, em especial de longo curso, os biocombustíveis avançados despontam como um dos principais candidatos à substituição dos combustíveis fósseis, uma vez que esse segmento apresenta mais desafios para a eletrificação: “Nas próximas décadas, esses biocombustíveis podem representar uma vantagem competitiva importante para o Brasil, não somente pela disponibilidade da terra e dos rendimentos agropecuários favoráveis, mas também pela capacidade da Petrobras, através do seu Centro de Pesquisas, em desenvolver tecnologia, capturando as vocações regionais e o aproveitamento de infraestruturas existentes”.
Novo teste terá dois meses de duração
A embarcação foi abastecida com cerca de 573 mil litros de combustível. O procedimento, no terminal da Transpetro (Terig), na cidade de Rio Grande (RS), aconteceu em navio afretado à Petrobras pela empresa Maersk Tankers, usado em rotas de cabotagem no litoral brasileiro. Durante os próximos meses, serão acompanhados dados do navio, como consumo, potência desenvolvida, distância percorrida, além do desempenho do combustível em filtros e sistemas de purificação.
De acordo com o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, a empresa apoia a Petrobras no desenvolvimento de uma geração de produtos mais sustentáveis: "A Transpetro é parceira da Petrobras nos testes de bunker com conteúdo renovável. Viabilizamos as operações inéditas no Brasil porque estamos empenhados em construir, juntos com nossa holding, a transição energética que planejamos para o futuro. A Transpetro tem excelência em inovação e é a única empresa de logística de petróleo e derivados com capacidade de apresentar soluções sustentáveis como essa em toda América Latina".
A formulação foi feita a partir de um bunker de origem mineral (com especificações conforme resolução da ANP) e de um biodiesel produzido pela Petrobras Biocombustível (PBio) na Usina de Montes Claros (MG). Para o presidente da PBio, Rodrigo Pimentel Leão, “o teste em andamento revela a capacidade de integração de nossas diferentes áreas. A PBio, ao produzir o biodiesel para a embarcação, demonstra o compromisso que tem com o desenvolvimento de produtos com menores intensidades de carbono”.
Primeiro teste, no início do ano, demonstrou viabilidade do combustível
No primeiro teste realizado pela Petrobras, ao longo de 40 dias, entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023, foram consumidos cerca de 303 mil litros de uma mistura de bunker com 10% em volume de biodiesel na embarcação Darcy Ribeiro, da Transpetro. Os resultados indicaram que não houve ocorrência atípica no funcionamento do motor do navio, tampouco nos sistemas de tratamento do combustível (centrífugas e filtros).
Os parâmetros operacionais, as avaliações da qualidade na combustão e da estabilidade da mistura indicaram a viabilidade do produto para o aprofundamento dos testes de bunker com conteúdo renovável.
Investimentos em baixo carbono
Recentemente, a Petrobras aprovou os direcionadores para o Plano Estratégico 2024-28, que deve ser anunciado em novembro deste ano. Os elementos estratégicos do novo plano visam preparar a Petrobras para um futuro mais sustentável, na busca por uma transição energética justa e segura no país, conciliando o foco atual em óleo e gás com a busca pela diversificação de portfólio em negócios de baixo carbono.