A trégua comercial de 12 meses entre Estados Unidos e a China não será capaz de reanimar o mercado de transporte marítimo de contêineres, previu, em informe divulgado nesta sexta-feira (31), a consultoria Xeneta, especializada em análises do mercado marítimo e de fretes. O acordo entre os dois países anunciado nesta semana inclui redução de 10% das tarifas sobre o fentanil e suspensão das taxas portuárias, mas isso não impedirá a queda nas taxas de frete marítimo de contêineres em 2026, disse a companhia.
As taxas spot médias da China para a Costa Oeste dos Estados Unidos em 31 de outubro caíram 59% em relação ao ano anterior, para 2.147 dólares por FEU (contêiner de 40 pés), enquanto no sentido inverso a queda foi de 48%, para 3.044 dólares por FEU. As quedas coincidiram com a redução dos volumes nas rotas transpacíficas e de 13% na demanda, em agosto, por transporte de contêineres da China para o mercado americano, na comparação com o mesmo período de 2024.
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A Xeneta prevê que as taxas spot médias globais cairão até 25% para todo o ano de 2026 e que as taxas de longo prazo recuarão até 10% nesse cenário de demanda fraca entre as duas nações comerciais mais poderosas do mundo. A previsão para 2026 indica que as taxas médias globais de longo prazo ficarão 20% abaixo dos níveis de dezembro de 2023.
Emily Stausbøll, analista da empresa norueguesa, disse considerar a trégua entre os dois países uma notícia bem-vinda para as transportadoras, algumas atingidas por taxas portuárias multimilionárias, mas que elas ainda correm o risco de prejuízo se as taxas de contratos de longo prazo caírem. “A super capacidade de oferta de transporte marítimo de contêineres será generalizada em 2026, em contraste com a demanda fraca”, explicou.
Ela lembrou que a trégua é de 12 meses e não um acordo comercial de longo prazo, o que deixa transportadoras e embarcadores em situações de incerteza. O especialista ressaltou que não foram anunciados detalhes sobre o que foi acordado, o que deixa sem muitas opções os que buscam tomar decisões de longo prazo. “Leva mais de 12 meses para instalar fábricas em outro país se um embarcador quiser transferir suas cadeias de suprimentos da China. Ninguém pode afirmar com certeza qual será a situação quando a trégua expirar ou mesmo se o acordo durará os 12 meses”, avaliou a analista.

















