A petroleira australiana Karoon Energy avalia aquisição de novos ativos para expandir a produção no Brasil. A estratégia da companhia é amplo e inclui desde os estudos para participar de leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP), marcados para o segundo semestre, até aquisições de ativos e formação de parcerias. A empresa deu um novo passo em seu relacionamento com o Brasil no começo de junho, ao anunciar que vai desenvolver a descoberta de Patola, localizada dentro do campo de Baúna, na Bacia de Santos.
A companhia planeja investir cerca de US$ 300 milhões até o começo de 2023 para aumentar a produção na área de Baúna. A Karoon passou a operar o campo em 2020, após a aquisição no programa de desinvestimentos da Petrobras, transação que marcou sua estreia como produtora no país
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Os investimentos incluem cerca de US$ 100 milhões em intervenções para aumento de produção nos poços existentes de Baúna. Além disso, a petroleira quer investir até US$ 195 milhões no desenvolvimento de Patola. Os trabalhos incluem a perfuração de dois poços e sua conexão ao navio-plataforma Cidade de Itajaí, responsável pela produção em Baúna.
A campanha de perfuração está prevista para o segundo semestre de 2022 e vai ser conduzida por uma sonda da Maersk Developer, que atualmente está na fase final de um contrato no Suriname.
O presidente global da Karoon, Julian Fowles, disse ao Valor que a expectativa é que, após esses investimentos, a Karoon tenha produção de pelo menos 30 mil barris por dia de petróleo no Brasil no começo de 2023, mais que o dobro da produção atual, de cerca de 14 mil barris/dia. “Estamos muito confortáveis em investir no Brasil, vemos o país como um destino muito atraente.”
Além dos trabalhos em Baúna, a Karoon também avalia desenvolver duas descobertas nas proximidades do campo, as áreas de Neon e Goia, também na Bacia de Santos. Segundo Fowles, um dos próximos passos da petroleira no país pode ser a perfuração de um poço de controle, para estudar as áreas.
“Esses campos são os próximos candidatos no programa de desenvolvimento, mas queremos fazer um investimento que tenha robustez frente às oscilações do preço do barril. Ainda precisamos discutir a melhor maneira de desenvolvê-los. Espero falar mais ao mercado sobre isso ao fim deste ano ou começo do próximo ano.”
A maior parte do foco da Karoon no momento está no aumento da produção, por isso, a empresa avalia oportunidades para aquisições de áreas principalmente nas bacias de Campos e Santos, como operadora ou como parceira.
“Estamos trabalhando ativamente no Brasil, em meio à busca da Petrobras e de outras companhias por parceiros ou compradores de ativos no pós-sal. Participamos de processos para avaliar áreas nas quais podemos investir. Nosso interesse no momento é na Bacia de Santos, conhecemos bem a geologia dela e isso também ajuda a entender a Bacia de Campos”, diz Fowles, acrescentando que, apesar do foco da empresa estar nas bacias mais conhecidas e em ativos em produção, a Karoon estuda a 17ª rodada de concessões da ANP, prevista para outubro.
“Se houver uma oportunidade lógica e valiosa para adicionar ao nosso portfólio, vamos com certeza ter interesse em participar [do leilão]. Mas gostaríamos de ter produção maior no curto prazo, ao invés de áreas de longo prazo, como exploração de fronteira” diz.
Sobre a tendência das companhias de petróleo de acrescentar energias renováveis ou com menor emissão de carbono, como gás natural, aos portfólios, Fowles descarta grandes investimentos nesses segmentos no momento.
O executivo reconhece, no entanto, que a companhia começou a estudar o tema pois vai precisar dar mais atenção às suas emissões.
“A Karoon não vai se tornar uma companhia de energia solar ou eólica no curto prazo, mas estamos interessados em entender esses negócios para reduzir ou anular nossa pegada de carbono. Essa é a coisa certa a fazer e também o mais inteligente, sob uma perspectiva de negócios. Conforme o mundo se torna mais consciente das mudanças climáticas, vai ser difícil encontrar financiamentos a preços razoáveis para novos projetos. Os financiadores vão insistir em manter negócios sustentáveis”, frisa.
Nesse sentido, Fowles destaca que o Brasil é o principal foco de investimentos da empresa australiana para crescer.
“O Brasil está no caminho correto para continuar a atrair investimentos e acreditamos que vai continuar assim. É preciso apenas garantir a estabilidade sobre o regime fiscal e as licenças, por parte órgãos reguladores”, conclui.
Fonte: Valor