Mesmo diante de uma forte contração da demanda por petróleo no mercado internacional, a Petrobras conseguiu quebrar um novo recorde de exportação de óleo cru, em abril. A empresa exportou, em média, cerca de 1 milhão de barris/dia no mês passado, volume que representa um crescimento de 145% em relação a igual período do ano passado. O recorde anterior era de 771 mil barris/dia, de dezembro de 2019.
Os números sugerem que o petróleo do pré-sal tem encontrado boa entrada no mercado internacional e que o impacto da crise global para a companhia, em abril, foi, pelo menos em termos de volumes, menor do que o esperado.
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Vale lembrar que, no começo de abril, frente às perspectivas negativas do mercado, a companhia anunciou um corte de 200 mil barris/dia e estabeleceu em 2,07 milhões de barris/dia a sua produção para o mês. A estimativa da Agência Internacional de Energia (AIE) era de que o consumo global de petróleo registraria em abril uma redução de 29 milhões de barris diários, na comparação com igual mês de 2019, voltando aos patamares de demanda mais baixos desde 1995.
Foi em meio a esse cenário que o diretor-executivo da AIE, Faith Birol, disse que abril “poderia se mostrar o pior mês da história” para a indústria de óleo e gás. Os dados da demanda efetiva, no mês, ainda estão sendo consolidados.
Com o tempo, no entanto, a estatal optou pelo retorno gradual de sua operação, ainda em abril, para um patamar de 2,26 milhões de barris diários.
A expansão das exportações tem ocorrido mesmo diante da queda da atividade econômica na China, principal parceiro comercial da Petrobras. Em nota, a petroleira brasileira informou que o mercado chinês se mantém como principal destino do seu óleo, respondendo por 60% das compras da estatal no primeiro quadrimestre, e que a empresa espera continuar com uma “boa performance”, em função da retomada da demanda do país asiático.
Além da China, a Petrobras usualmente comercializa petróleo para os mercados americano, europeu, indiano e outros destinos na Ásia. A companhia atribui a elevação das exportações à qualidade do petróleo do pré-sal, que, por possuir teores mais baixos de enxofre, tem sido bem recebido no mercado mundial, num ano em que passou a vigorar a regulamentação IMO 2020 - nova especificação mundial dos combustíveis marítimos que reduziu de 3,5% para 0,5% o limite de teor de enxofre no óleo combustível, o bunker.
Outro motivo por trás dos recordes de exportação está na contração da demanda no mercado doméstico. A estatal tem direcionado para o mercado externo parte daquilo que usualmente vende no Brasil.
“Estamos atentos aos movimentos internacionais e acessando todos os mercados. Nosso petróleo, de baixo teor de enxofre, mantém sua valorização no mercado internacional em função das especificações do IMO 2020”, comentou a diretora de refino e gás natural da Petrobras, Anelise Lara, em nota à imprensa.
Os resultados de abril seguem os números positivos do primeiro trimestre, quando as exportações da petroleira brasileira, na média de 806 mil barris/dia, já haviam conseguido registrar uma alta de 24% na comparação com o quarto trimestre e de 63% ante os três primeiros meses de 2019.
Fonte: Valor