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Estudo sugere investimentos imediatos em infraestrutura para novos projetos de gás

Um estudo coordenado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aponta que a infraestrutura hoje disponível para escoamento do gás natural do pré-sal deverá estar saturada após 2025, o que demandará novos investimentos em gasodutos de escoamento. Considerando o tempo até implementação, a publicação recomenda que estudos de viabilidade de projetos para essa época deveriam começar o quanto antes. "Para evitar gargalos na infraestrutura de escoamento de gás natural a partir de 2025, haveria a necessidade de iniciar o fomento e a estruturação de projetos o mais breve possível", diz o “Estudo sobre o Aproveitamento do Gás Natural do Pré-sal”, lançando pela ANP na última semana.

Outra questão levantada no documento é de que a oferta firme de gás natural proveniente do pré-sal exige característica firme também do consumo na ponta, representado principalmente pelas demandas industrial, termelétrica na base, comercial, residencial e veicular. "Sem aumento e consolidação da demanda firme, o investidor nos campos de produção de petróleo e gás poderá continuar optando por reinjetar o gás nos reservatórios em vez de realizar investimentos em infraestruturas de escoamento e processamento de gás no futuro. De acordo com o estudo, aspectos relacionados a preço e especificação do gás natural também têm o poder de influenciar o aproveitamento comercial do gás do Pré-Sal, porém não foram aprofundadas na publicação.

A produção offshore brasileira de gás natural atingiu cerca de 112 milhões de m³/dia em 2019, correspondendo a 80% da produção total nacional. Nesse período, os poços marítimos mais produtivos alcançaram volumes de 1.900 mil m³/dia na Bacia de Santos. As principais bacias sedimentares produtoras de gás associado são as de Campos e Santos, enquanto as de gás não associado são as de Solimões e Parnaíba. De acordo com dados enviados pelas operadoras à ANP, as reservas provadas brasileiras de gás natural atingiram 364 bilhões de m³, enquanto o volume estimado para as reservas possíveis foi de 549 bilhões de m³. A perspectiva é que as produções de petróleo e gás natural dos próximos anos serão fortemente influenciadas pela produção de reservatórios do Pré-Sal, principalmente da Bacia de Santos. 

A razão gás/óleo destes reservatórios apresenta-se mais elevada do que a encontrada tradicionalmente em reservatórios de petróleo de outros players exploratórios brasileiros. “Considerando uma rica reserva de gás associado, aliada à alta produtividade dos reservatórios, o gás do pré-sal tornou-se a principal opção, em termos de produção doméstica, para suprimento do mercado de gás nos próximos anos”, aponta o estudo. 

A publicação tem como foco o aumento da comercialização e da participação do gás natural do pré-sal na matriz energética do país, em linha com as diretrizes estabelecidas em resoluções do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no programa do novo mercado de gás. Coordenado pela ANP, o estudo foi desenvolvido em conjunto como Ministério de Minas e Energia (MME), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Pré-Sal Petróleo SA (PPSA) e o BNDES. O estudo destaca a forte tendência de alta dos níveis de reinjeção do gás natural dos reservatórios do pré-sal nos últimos anos e a expectativa de aumento considerável desses volumes no futuro.

O plano decenal de energia 2029 (EPE, 2019) projeta que a produção nacional de gás natural, atualmente na ordem de 139 milhões de m³/dia, deve seguir tendência crescente, alcançando patamares da ordem de 253 milhões de m³/dia, em 2029. O crescimento da produção de petróleo, muito influenciado pela entrada em operação de unidades de produção previstas nos planos de negócios da Petrobras, companhias parceiras e demais operadores também deve contribuir para atingir essas previsões. Destaques para o campo de Búzios e outros da Cessão Onerosa (Sépia e Atapu, principalmente), incluindo os volumes excedentes e o campo de Mero.

A produção de petróleo e gás natural no Brasil vem batendo seguidos recordes de volume, chegando a ultrapassar 4 milhões de boe/dia (barris de óleo equivalente por dia) em janeiro. Desse montante, a produção de petróleo corresponde a 3,1 milhões de b/dia e a produção de gás natural corresponde a 139 milhões de m³/d, que representam, respectivamente, aumentos de 20 e 22% frente aos volumes produzidos no mesmo período de 2019. As projeções futuras apontam para a manutenção do ritmo de crescimento. Segundo dados do PDE 2029, em 10 anos o Brasil produzirá 5,5 milhões de b/dia de petróleo e 253 milhões de m³/d de gás natural, com investimentos que podem chegar a 1,8 trilhão de reais entre 2020 e 2029. O volume pode colocar o país entre os cinco maiores produtores mundiais.


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