O quadro desfavorável em investimento na economia do primeiro trimestre foi influenciado por mudanças nas regras do Repetro, o regime especial de tributação da indústria de petróleo e gás.
Claudia Dionísio, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), lembrou das mudanças no regime fiscal em 2018. Pelas modificações, plataformas já em atividade, que estavam registradas no exterior, foram registradas de volta no país, contando como importações. Isso na prática elevou as taxas de crescimento de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no terceiro e quarto trimestre do ano passado.
PUBLICIDADE
No entanto, o efeito do Repetro impulsionando os investimentos já atingiu o auge em 2018 e apresentou resquícios no primeiro trimestre de 2019 – mas não na mesma magnitude observada nos dois trimestres imediatamente anteriores. Isso fez com que a FBCF do primeiro trimestre fosse comparada com base de comparação muito elevada, o que influenciou queda mais intensa na taxa, afirmou Claudia.
Entre janeiro e março, a FBCF caiu 1,7% ante o quarto trimestre do ano passado e cresceu apenas 0,9% em relação aos três primeiros meses de 2018.
Rebeca Palis, coordenadora do departamento de Contas Nacionais do IBGE, fez uma ressalva. Ela reconheceu que as mudanças no Repetro contribuíram para queda mais intensa no investimento nos primeiros meses deste ano. Mas admitiu que, mesmo sem as modificações no regime, a trajetória do investimento seria negativa.
“O patamar da FBCF está 30% abaixo do pico de investimento no PIB, observado no segundo trimestre de 2013”, afirmou Rebeca. Ela comentou que o investimento tem sido muito afetado pelo quadro desfavorável da indústria que, com atividade fraca, não estimula empresariado a comprar ou produzir bens de capital, por exemplo – computados como investimento no PIB. “Mesmo sem a situação do Repetro, a trajetória do investimento seria negativa [no primeiro trimestre]”, afirmou.
Fonte: Valor