Logo após assumir a presidência da Petrobras, Roberto Castello Branco notou que havia uma impressora para cada funcionário em um departamento e solicitou uma revisão.
Foi apenas o começo de uma cruzada contra custos. Desde então, Castello Branco anunciou US$ 8,1 bilhões em cortes de custos operacionais até 2023, que incluem um programa de demissão voluntária e planos para reduzir 4.300 empregos em uma força de trabalho de 47.222 pessoas da holding, excluindo terceirizados.
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O executivo, formado do berço liberal da Universidade de Chicago, também vai fechar vários escritórios no exterior e mandou vender até seis Ford Fusions blindados que ele e ex-presidentes da Petrobras tinham à disposição - com dois motoristas cada. Como parte das mudanças, Castello Branco começou a usar o Uber quando viaja a negócios no exterior. Em entrevista em março, o executivo reclamou que teve de pagar US$ 50 por uma corrida de táxi entre o hotel e o escritório da Petrobras, em Houston.
— Queremos criar uma cultura de baixo custo, em que cada dólar importa — disse.
Castello Branco concedeu a entrevista enquanto contemplava a Richmond Avenue, em Houston, onde a Petrobras tinha um de seus maiores escritórios no exterior, com seis andares e uma grande placa da empresa em um jardim fora do prédio. O executivo deu uma olhada em volta e disse que o espaço era muito grande. Na terça-feira, a Petrobras anunciou que ficaria com apenas um andar, o que vai reduzir o aluguel anual de US$ 5,8 milhões para US$ 600 mil.
Escritórios fechados do México ao Japão
A Petrobras também está fechando escritórios em Nova York, Cidade do México, Líbia, Angola, Nigéria, Tanzânia, Irã e Tóquio, e também vai desocupar edifícios inteiros no Rio de Janeiro e São Paulo para concentrar a força de trabalho em sua icônica sede no centro do Rio, onde o custo por estação de trabalho é mais barato.
A obsessão por reduzir custos e equilibrar o balanço de uma empresa que costumava ser a mais endividada do setor não está sendo implementada sem críticas. Castello Branco vendeu uma série de ativos, participações em campos de petróleo e quer sair totalmente de setores como o petroquímico, além de acabar com o monopólio da Petrobras na área de refino e gás natural. Em uma coletiva de imprensa na quarta-feira, o executivo adotou uma postura defensiva.
— Algumas pessoas dizem que estamos promovendo um desmonte da Petrobras. Isso é um chavão. Estamos fazendo administração de portfolio, e a empresa vai se tornar maior em bases mais fortes e saudáveis — disse Castello Branco em entrevista a repórteres.
Os gastos dispararam em todo o setor durante o início da década, quando as cotações do petróleo estavam acima de US$ 100 o barril e a competição em atividades de exploração, despesas com equipamentos e pessoal elevaram os custos. Estatais como a Petrobras sofriam menor pressão do que concorrentes internacionais para manter os gastos sob controle.
— Em comparação com a Exxon, o tipo de empresa com a qual a Petrobras gosta de se comparar, provavelmente havia mais gastos para cortar — disse Ruaraidh Montgomery, diretor da Welligence Energy Analytics, empresa de pesquisa de energia com sede em Houston. — A Petrobras é uma petrolífera estatal, há um grande legado de custos e burocracia associados a isso.
Fonte: O Globo