Mudança pegou indústria de surpresa; empresa diz que novas premissas estão alinhadas a práticas de mercado nacionais e internacionais e valerão só em casos específicos
A Petrobras mudou algumas condições nos novos contratos com grandes fornecedores de bens e serviços e passou a trabalhar, desde o fim do ano passado, em algumas licitações, com pagamentos de faturas a cada 90 dias. Antes, o prazo mais comum era de 30 dias.
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Os fornecedores foram pegos de surpresa. Segundo duas fontes da indústria, licitações recentes para contratação de afretamento de embarcações e de equipamentos submarinos, por exemplo, já incluem as novas condições.
“A indústria de uma maneira geral está bastante preocupada. As margens atuais não comportam absorver mais esse custo. E não há espaço para repassar essas condições a subfornecedores que já se encontram em grandes dificuldades”, comentou um executivo de uma multinacional do setor, sob a condição de anonimato.
Em nota à imprensa, a Petrobras esclareceu que as novas premissas de pagamento estão alinhadas a práticas de mercado nacionais e internacionais e valerão apenas para casos específicos. A estatal estima que a medida valerá para menos de 2% do total de novos contratos e que não inclui pequenas e médias empresas.
“Prazos maiores que 30 dias fazem parte do dia a dia de grandes empresas, que estão habituadas a essa rotina em seus relacionamentos comerciais”, comentou a petroleira, em nota.
A Petrobras destacou também que, em paralelo, vem trabalhando numa agenda de soluções financeiras para a cadeia de óleo e gás. A companhia citou como exemplo o lançamento, no ano passado, do programa “Mais Valor”, uma solução financeira para reforçar o capital de giro dos fornecedores.
O programa permite que os prestadores de bens e serviços possam antecipar o recebimento de faturas de contratos com a petroleira. O objetivo é aliviar o fluxo de caixa de curto prazo dos supridores. A negociação ocorrerá diretamente entre os fornecedores e bancos parceiros, a partir de condições pré-estabelecidas pela Petrobras. Segundo a estatal, todos os prestadores de bens e serviços poderão aderir ao programa, sem qualquer limitação de tamanho ou nicho, ou seja, um universo de cerca de 10 mil empresas.
Fonte: Valor